António Gandra d’Almeida, diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), foi acusado de acumular funções incompatíveis, uma situação que gerou um pagamento superior a 200 mil euros. De acordo com a SIC Notícias, o responsável pelo SNS exerceu simultaneamente o cargo de diretor da delegação regional Norte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e funções de médico tarefeiro nas Urgências dos hospitais de Faro e Portimão.
A acumulação de funções é, de acordo com a lei, incompatível, mas António Gandra d’Almeida terá obtido autorização do INEM, com a garantia de que não receberia vencimento. Contudo, o que foi apurado é que o médico recebeu um valor significativo pelos turnos de trabalho, tendo sido pago a 50 euros por cada hora.
Além disso, os contratos com os hospitais foram celebrados através de uma empresa que António Gandra d’Almeida criou juntamente com a sua esposa, sendo ele o gerente da mesma. Nos documentos analisados, estava estipulado que os serviços médicos seriam prestados pelo cirurgião nas unidades hospitalares, sendo também determinado o valor por hora.
Esta situação surge num contexto delicado para António Gandra d’Almeida, que já no final de 2024 havia sido alvo de outra polémica. Na altura, foi aberta uma investigação pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), após uma denúncia anónima que o acusava de desrespeitar as regras das listas de espera no Hospital de Vila Nova de Gaia. Na sequência dessa acusação, Gandra d’Almeida esclareceu, através de um comunicado, que os procedimentos médicos seguidos no caso foram os mesmos aplicados a qualquer outro utente, sublinhando que os detalhes clínicos eram de natureza privada.
Esta nova revelação vem colocar em causa a transparência e a conformidade das práticas do CEO do SNS, levantando questões sobre a legalidade e a ética das suas ações enquanto responsável por uma das instituições mais importantes do sistema de saúde português.