O Comissário Europeu da Energia, Dan Jørgensen, expressou ontem a sua satisfação pela bem-sucedida desconexão das redes elétricas da Estónia, Letónia e Lituânia do sistema russo e bielorrusso, sublinhando que “nenhum país europeu deveria depender da Rússia para nada”. Este importante passo foi saudado como uma vitória para a segurança energética da Europa, além de um avanço em termos de competitividade e descarbonização.
Os três países bálticos procederão, no próximo domingo, à sincronização das suas redes elétricas com as de outros parceiros europeus, encerrando assim uma ligação histórica à Rússia. A cerimónia, que marcará este feito, contará com a presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e de várias outras figuras políticas.
Em declarações à imprensa durante uma visita à Estónia, Jørgensen reforçou que, independentemente da situação geopolítica, a integração energética entre os países europeus é uma medida racional e estratégica. “Mesmo que não houvesse guerra, mesmo que não houvesse Rússia, continuaria a ser uma boa ideia, por motivos racionais, que estivéssemos melhor conectados. Os nossos sistemas energéticos devem estar mais interligados para fornecer energia mais barata, mais segura e mais verde aos nossos cidadãos”, afirmou o comissário europeu.
O presidente do Conselho de Administração do operador da rede de transporte de eletricidade da Estónia, Kalle Kilk, descreveu a desconexão como “o evento do século”, uma iniciativa que estava a ser preparada pelos países bálticos desde 2007. A transição foi bem-sucedida, mas não sem desafios. Durante o período de transição, em que os três países formaram uma “ilha energética” sem apoio externo, registaram-se algumas dificuldades técnicas. Na Letónia, alguns hospitais recorreram a geradores próprios para evitar oscilações elétricas, uma medida que impediu o carregamento de telemóveis, embora o restante funcionamento hospitalar tenha prosseguido sem grandes perturbações.
A Lituânia, por sua vez, cortou também as suas ligações com a rede elétrica do enclave russo de Kaliningrado, deixando esta região completamente isolada. No entanto, o Kremlin já havia indicado que não havia motivo para preocupação em relação à segurança do abastecimento de energia, uma vez que Kaliningrado se preparou para operar autonomamente.
Esta desconexão das redes elétricas dos países bálticos da Rússia marca um momento significativo na política energética europeia, com a União Europeia a dar um passo decisivo para reduzir a sua dependência de Moscovo e a reforçar a sua autonomia energética.