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Novo Governo Alemão Prioriza Política Interna e Relativa Menos Atenção à União Europeia

Numa altura de estagnação económica e com eleições legislativas antecipadas marcadas para o próximo dia 23 de fevereiro, o novo governo da Alemanha irá colocar a política doméstica como a sua principal prioridade, relegando a política europeia para segundo plano. Esta antecipação surge num contexto económico desafiante, com a economia alemã a enfrentar múltiplos obstáculos internos, o que, segundo o economista Alexander Kritikos, poderá comprometer o foco da Alemanha nas questões da União Europeia (UE).

Kritikos, membro da Comissão Executiva do Instituto Alemão de Investigação Económica (DIW), alerta para a possibilidade de uma continuidade da estagnação económica no país nos próximos anos. Apesar da expectativa de um “novo fôlego” com a mudança de governo, ele não vê grande potencial na Alemanha para liderar a UE nos tempos mais próximos. “Não teria muita esperança de que a Alemanha consiga liderar e impulsionar o resto da Europa para frente”, afirmou, sublinhando que o novo governo terá de se concentrar em vários problemas internos, o que inevitavelmente irá afetar as suas prioridades em termos de relações com a UE.

Com eleições antecipadas à porta, a tendência é que o partido União Democrata Cristão (CDU), liderado por Friedrich Merz, saia vitorioso, o que pode levar a uma reorientação das prioridades políticas da Alemanha. O novo governo, acredita Kritikos, não terá nem o tempo nem os recursos para impulsionar a evolução da UE, um dos principais pilares de colaboração internacional, mesmo reconhecendo que manter boas relações com os países da União continuará a ser importante.

Embora a Alemanha continue a ser uma das economias mais poderosas do mundo, Christian Dustmann, diretor do Instituto de Berlim da Fundação Rockwool para a Economia e o Futuro do Trabalho, sublinha a necessidade de inovação em setores como a produção de equipamentos digitais e tecnologias verdes, áreas em que o país já foi ultrapassado por potências como a China e os Estados Unidos. Dustmann espera que a Alemanha possa encontrar o seu rumo e continuar a desempenhar um papel relevante na Europa, ajudando a conduzir o continente para um caminho de crescimento sustentável, embora reconheça os desafios, nomeadamente no setor automóvel.

O setor automóvel tem enfrentado dificuldades, com grandes empresas como a Volkswagen a anunciar cortes significativos de produção, o que se soma ao crescimento expressivo da produção de carros elétricos na China, uma concorrência cada vez mais forte para a indústria alemã. Esta situação torna ainda mais urgente uma maior integração e fortalecimento da União Europeia, para que o continente possa competir de forma mais eficaz a nível global.

Sebastian Dullien, diretor do Instituto de Política Macroeconómica (IMK) da Fundação Hans-Böckler-Stiftung, destaca o ambiente global competitivo, com a escalada da luta pelo poder económico entre a China e os EUA, bem como os impactos da perda de fontes fiáveis de energia, como o gás natural russo. Neste contexto, o novo governo alemão terá de adaptar a sua política económica, focando-se na recuperação da liderança tecnológica e na criação de condições que permitam à Alemanha e à Europa obter uma maior autonomia estratégica.

Dullien também aponta para a importância da coordenação da política industrial ao nível da União Europeia, o que poderá constituir uma oportunidade crucial para fortalecer o projeto europeu e enfrentar os desafios económicos globais. A reforma e a renovação da política comercial da UE será igualmente um ponto fundamental, com a necessidade de uma postura mais defensiva e adaptada face aos comportamentos da China e dos EUA, que frequentemente ignoram as normas da Organização Mundial do Comércio.

Com as eleições antecipadas a ocorrer a 23 de fevereiro, a Alemanha, que já enfrentava um governo instável liderado por Olaf Scholz, verá agora a possível chegada ao poder de um novo executivo que terá de enfrentar desafios internos urgentes, ao mesmo tempo que se prepara para reconfigurar as suas relações com a União Europeia.

 

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