Hoje, os olhos do mundo voltam-se para o Dolby Theatre, em Los Angeles, onde se celebra a grande noite do cinema. Com uma lista diversificada de nomeados, surpresas nos bastidores e a presença de figuras icônicas, a cerimónia deste ano promete ser uma das mais emocionantes da história recente
A Representatividade Brasileira e a Corrida ao Óscar
“Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, fez história ao ser o primeiro filme falado em língua portuguesa nomeado para Melhor Filme. Apesar de ser considerado um azarão nessa categoria, o longa-metragem tem fortes chances de levar a estatueta de Melhor Filme Internacional. A atuação de Fernanda Torres também tem gerado burburinho — com críticos divididos sobre se ela conseguirá superar as favoritas Demi Moore e Mikey Madison.
Kyle Buchanan, do The New York Times, aponta que a campanha tardia do filme nos EUA pode surpreender: “Com a disputa tão acirrada, muitos membros da Academia podem ver Torres como uma escolha de coração”. Se vencer, ela será a primeira atriz a conquistar o Óscar sem indicações prévias no SAG ou BAFTA.
Os Grandes Favoritos e as Incógnitas
“Anora”, de Sean Baker, chega à cerimónia com o impulso das vitórias no Producers Guild, Directors Guild e Independent Spirit Awards. Já “Conclave”, de Edward Berger, ganhou força após a vitória do elenco no SAG, especialmente num momento em que a saúde do Papa Francisco chama a atenção global.
Outro forte concorrente é “O Brutalista”, de Brady Corbet, cuja narrativa densa e atuações intensas, com destaque para Adrien Brody, posicionam o filme como um dos mais aclamados pela crítica.
Enquanto isso, “Emilia Pérez”, que começou a temporada como favorito, viu as suas hipóteses diminuírem após controvérsias envolvendo a protagonista Karla Sofía Gascón. A Netflix redirecionou a campanha para Zoe Saldaña e para a canção “El Mal”, numa tentativa de não sair da noite de mãos vazias.
Política, Tragédia e Resiliência
Além das expectativas cinematográficas, a cerimónia refletirá o momento político e social dos EUA. Os recentes incêndios na Califórnia levaram a Academia a incorporar homenagens às vítimas e a organizar uma recolha de donativos, destacando a importância de apoiar a comunidade local após a devastação.
A sombra de Donald Trump também paira sobre a cerimónia. Com a nomeação de “The Apprentice” — filme que retrata a ascensão política de Trump — e a presença de Conan O’Brien como anfitrião, é esperado que o discurso político esteja presente, seja através das piadas afiadas do apresentador ou dos discursos emocionados dos vencedores. Hollywood, tradicionalmente progressista, pode usar esta plataforma global para deixar mensagens contundentes.
Performances e Presenças de Peso
Queen Latifah prestará tributo a Quincy Jones, enquanto Doja Cat e Lisa dos Blackpink animarão a plateia com performances surpresa. Já Ariana Grande e Cynthia Erivo, estrelas de “Wicked”, prometem encantar, mesmo que suas músicas não sejam elegíveis para prémios.
Entre os apresentadores, nomes como Whoopi Goldberg, Scarlett Johansson e Willem Dafoe dividirão o palco com vencedores do ano anterior, mantendo o suspense sobre quem anunciará cada categoria.
A Magia Incontrolável do Cinema
Como lembrou Christopher Walken: “No seu melhor, a vida é completamente imprevisível”. Esta frase ecoa no espírito dos Óscares de 2025. Num ano de narrativas intensas, reviravoltas dramáticas e representatividade crescente, a noite promete ser um reflexo vibrante da complexidade e beleza do cinema.
Os Óscares são uma celebração e um reflexo das transformações sociais e culturais do mundo. Nos últimos anos, a Academia tem feito esforços para valorizar a diversidade e dar voz a narrativas plurais, promovendo maior representatividade no grande ecrã.
Com cada edição, os Óscares reafirmam a importância do cinema como arte e como instrumento de mudança. Independentemente de quem leva a estatueta para casa, a verdadeira celebração é do poder das histórias que nos emocionam, desafiam e inspiram.
