Federação de atgletismo quer impor o pagamento de licença a atletas amadores para participarem em certas provas, os desportistas consideram esta medida como um “golpe rude”. A federação quer que a licença seja aplicada no último trimestre de 2025. Contando que o valor varia em média entre dez e 25 euros, dependendo da prova e da antecedência com que é feita a inscrição, um atleta que participe em três ou quatro provas e pague licença vai gastar por volta de 100 euros.
Para uma prática “mais segura, regulamentada e sustentada”, a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) vai passar a exigir o pagamento de uma licença, por parte dos atletas não federados com mais 18 de anos, para ter acesso a provas organizadas de corrida. O projeto “Filiação por um Dia” não está a ser bem recebido pelos desportistas, que, em forma de protesto, decidiram lançar uma petição pública para tentar revogar a medida.
“Com o objetivo de promover uma prática mais segura, regulamentada e sustentada da modalidade, decidiu a Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Atletismo, levada a efeito no passado dia 22 de Março, iniciar o processo de reestruturação do Regulamento de Filiações, aprovando a criação de uma Licença para participantes em Provas pagas de Estrada, Trail e Montanha”, lê-se em comunicado.
Com estas alterações, um atleta que queira participar numa prova com preço de inscrição superior a cinco euros terá de apresentar uma licença, cujo preço varia consoante a modalidade de pagamento escolhida.
A medida abrange todas as provas organizadas de corrida reconhecidas pela FPA, como a Meia-Maratona de Lisboa e do Porto. No entanto, a instituição refere que as organizações que assim o entenderem podem baixar o valor das inscrições, mediante apresentação da licença.
“Golpe rude no atletismo popular”
A decisão da FPA não foi bem recebida pela comunidade e motivou ao lançamento de uma petição pública a pedir a Revogação da Licença Obrigatória nas Competições de Atletismo.
Na TSF, Patrícia Monteiro, uma das promotoras daquela petição, sublinha que ainda “vivemos num Estado de Direito Democrático” e critica a postura “autocrática” da federação que coloca em causa os seus próprios princípios.
“Aguardamos atentamente a posição da Federação Portuguesa de Atletismo, mas iremos obviamente defender aquilo que consideramos ser essencial: a liberdade de escolha que nos está a ser barrada”, adianta.
Patrícia Monteiro insiste: “Ninguém nos pode obrigar a fazer parte de uma associação, nem a ser coagido a permanecer numa associação.”
Esta medida é simplesmente um rude golpe na justiça social e com o atletismo popular. Pode deixar de incentivar as pessoas a querer praticar a modalidade.
Os promotores da petição pública criticam ainda a falta de transparência da Federação Portuguesa de Atletismo e nota que fica também por explicar se o valor cobrado pela taxa é ou não investido em formação.