A China apelou este fim de semana aos Estados Unidos da América para que cancelem por completo as tarifas alfandegárias recíprocas, classificando como “um pequeno passo” a recente decisão norte-americana de isentar temporariamente produtos de alta tecnologia chineses das taxas adicionais.
Num comunicado oficial citado pela agência noticiosa francesa AFP, um porta-voz do Ministério do Comércio da China instou Washington a tomar “uma atitude responsável”, sublinhando que “o cancelamento total das tarifas injustas seria um passo essencial para restaurar o respeito mútuo e a estabilidade nas relações comerciais bilaterais”.
Esta declaração surge após os Estados Unidos terem anunciado, na sexta-feira, a isenção de sobretaxas para uma série de produtos eletrónicos provenientes da China, incluindo smartphones, computadores portáteis e outros dispositivos de consumo de alta tecnologia. A medida foi interpretada por analistas como uma tentativa de aliviar a crescente tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo, tensão que tem vindo a preocupar seriamente os mercados financeiros globais.
De acordo com um memorando emitido pelo Serviço Alfandegário dos EUA, as isenções incidem sobre categorias específicas de produtos fabricados na China e importados por empresas norte-americanas, com especial destaque para os dispositivos produzidos por gigantes como a Apple, que mantém uma vasta cadeia de produção em território chinês.
Apesar desta flexibilização pontual, a administração norte-americana, sob liderança de Donald Trump, mantém a maioria das tarifas elevadas, com taxas que chegaram aos 145% sobre diversos produtos chineses. Em resposta, Pequim anunciou na sexta-feira a retaliação imediata, aumentando para 125% as tarifas sobre todas as importações provenientes dos Estados Unidos, com entrada em vigor já no sábado seguinte.
O Ministério do Comércio da China garantiu que está a “avaliar o impacto real” da nova postura norte-americana, mas deixou claro que apenas um recuo completo nas medidas tarifárias poderá ser considerado um avanço significativo. “As tarifas recíprocas são prejudiciais para ambas as partes e comprometem seriamente o equilíbrio da economia mundial”, afirmou o mesmo porta-voz.
A escalada da guerra comercial entre os dois países tem gerado incerteza nos mercados internacionais, provocado disrupções em cadeias de abastecimento globais e contribuído para o aumento da inflação em vários sectores estratégicos.
Perante este cenário, especialistas internacionais defendem uma aproximação diplomática urgente entre Washington e Pequim, que permita um acordo duradouro e estável, assente no princípio do respeito mútuo e da cooperação económica justa.