Faleceu esta quarta-feira, aos 88 anos, João Cravinho, uma das figuras mais marcantes da história do Partido Socialista e uma voz persistente na defesa da ética pública e no combate à corrupção em Portugal. A morte ocorreu “tranquilamente em casa”, conforme informou a família à Antena 1.
Nascido em Angola, na década de 1930, João Cravinho destacou-se desde cedo pela sua formação académica e pelo compromisso com a vida pública. Ao longo de uma carreira política e técnica de várias décadas, exerceu cargos de elevada responsabilidade em diferentes governos e deixou uma marca indelével na administração pública portuguesa.
Cravinho foi ministro da Indústria e Tecnologia no IV Governo Provisório, sob a liderança de Vasco Gonçalves, durante o período revolucionário pós-25 de Abril. Mais tarde, no XIII Governo Constitucional, liderado por António Guterres, assumiu a pasta do Equipamento, Planeamento e Administração do Território, onde desenvolveu políticas estruturais para o ordenamento do território e modernização das infraestruturas.
Ao longo do seu percurso, ficou amplamente reconhecido como uma das vozes mais firmes dentro do Partido Socialista no que respeita ao combate à corrupção. A sua proposta de criação de uma legislação mais rigorosa contra práticas corruptas marcou o debate político nacional e causou intensas discussões dentro do próprio partido e na sociedade portuguesa. O seu esforço, embora muitas vezes travado por resistências internas, trouxe o tema para o centro da agenda política.
É pai de João Gomes Cravinho, que foi ministro da Defesa e dos Negócios Estrangeiros em executivos liderados por António Costa.
A sua morte representa uma perda significativa para a democracia portuguesa e para todos aqueles que veem na política uma forma de servir com integridade e coragem. O legado de João Cravinho permanece como exemplo de coerência, verticalidade e dedicação à causa pública.
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