O actual presidente dos Estados Unidos têm ameaçado o planeta com uma possível III Guerra Mundial onde, afirma, os Estado Unidos teriam vantagem e domínio. Mas os factos são assustadores e contradizem o republicano. Uma análise detalhada dos dados mais recentes revela que nove países possuem atualmente arsenais nucleares, totalizando aproximadamente 12.500 ogivas. Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte mantêm estas armas, enquanto organismos internacionais tentam conter a sua proliferação num cenário de consequências potencialmente catastróficas.
O mapa nuclear do mundo atual
Os Estados Unidos e a Rússia continuam a dominar o panorama nuclear global, detendo quase 90% das ogivas nucleares mundiais. Segundo os dados mais recentes do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (SIPRI), a Rússia possui aproximadamente 5.889 ogivas, enquanto os Estados Unidos mantêm cerca de 5.244 ogivas no seu arsenal.
“A era nuclear entrou numa fase de incerteza sem precedentes, com as tensões geopolíticas a intensificarem-se e os tratados de controlo de armamento a enfraquecerem”, explica Hans Kristensen, diretor do Projeto de Informação Nuclear da Federação dos Cientistas Americanos.
Os restantes sete países possuem arsenais significativamente menores: o Reino Unido (225 ogivas), França (290), China (410), Índia (164), Paquistão (170), Israel (estimadas em 90) e Coreia do Norte (estimadas entre 30 e 40).
Programas nucleares não declarados
Além dos nove países com arsenais confirmados, existem suspeitas sobre programas nucleares secretos noutros países. Segundo relatórios de intelligence e investigações jornalísticas, o Irão continua a ser alvo de escrutínio internacional.
“Os indícios de enriquecimento de urânio no Irão preocupam-nos profundamente, embora Teerão insista que o seu programa nuclear é exclusivamente para fins pacíficos”, refere Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).
A Arábia Saudita, Turquia e Egipto são frequentemente citados em análises especializadas como países com ambições nucleares, embora não existam provas conclusivas de programas activos de armamento.
Aspirantes à capacidade nuclear
Vários países demonstram interesse em desenvolver capacidades nucleares, frequentemente justificando esta ambição com preocupações de segurança regional. Além do Irão, autoridades de intelligence ocidentais mencionam a Síria, Mianmar e Venezuela como potenciais aspirantes, embora com capacidades técnicas limitadas.
“O acesso a tecnologias nucleares tornou-se mais difuso, aumentando o risco de proliferação”, alerta Izumi Nakamitsu, Alta Representante para Assuntos de Desarmamento das Nações Unidas.
O controlo da proliferação nuclear
O Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), assinado por 191 países, permanece o principal instrumento legal internacional para limitar a disseminação de armamento nuclear. A AIEA desempenha um papel vital na verificação do cumprimento deste tratado, realizando inspecções regulares em instalações nucleares declaradas.
O Conselho de Segurança da ONU e organizações como o Grupo de Fornecedores Nucleares (NSG) complementam estes esforços, estabelecendo directrizes para a transferência de tecnologias nucleares.
“A arquitectura de não-proliferação enfrenta desafios significativos, agravados pelas crescentes tensões entre grandes potências”, afirma Joseph Pilat, especialista em segurança do Laboratório Nacional de Los Alamos.
Evolução tecnológica das armas nucleares
Desde 1970, as armas nucleares tornaram-se simultaneamente mais pequenas e mais potentes. A miniaturização permite agora o desenvolvimento de ogivas tácticas com potência “ajustável”, aumentando significativamente a probabilidade de utilização em conflitos.
A tecnologia de entrega evoluiu dramaticamente, com mísseis hipersónicos capazes de transportar ogivas a velocidades superiores a Mach 5, dificultando a detecção e intercepção pelos sistemas de defesa mais avançados.
“A capacidade de lançamento múltiplo independente e as tecnologias de penetração de defesas representam avanços preocupantes”, explica Mary Kaldor, especialista em segurança global da London School of Economics.
Cenário de “inverno nuclear”
Um conflito nuclear generalizado resultaria em consequências catastróficas para a humanidade. Estudos recentes indicam que mesmo um conflito regional envolvendo 100 ogivas poderia provocar um “inverno nuclear”, com temperaturas globais a descer drasticamente durante anos.
“Um conflito nuclear total significaria o colapso da civilização global. Estima-se que as mortes imediatas excederiam os dois mil milhões, com fome em massa e colapso de sistemas de saúde a seguir”, alerta Alan Robock, climatologista da Universidade Rutgers.
A biosfera sofreria danos irreparáveis, com extinções em massa e alterações climáticas drásticas que persistiriam por décadas. A recuperação total do planeta levaria séculos, com áreas significativas permanecendo inabitáveis.
As ameaças nucleares continuam a evoluir, apresentando desafios crescentes à segurança global e à sobrevivência da civilização como a conhecemos.