O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) 2025 foi ativado a 15 de maio na Beira Baixa, mobilizando até 721 operacionais, 187 veículos e oito meios aéreos para enfrentar o período crítico de incêndios florestais entre julho e setembro
A fase Delta, que decorre de 1 de julho a 30 de setembro, representa o período de maior risco de incêndios florestais e conta com o reforço máximo de meios humanos e técnicos. Segundo o comandante sub-regional de Emergência e Proteção Civil da Beira Baixa, Pedro Nunes, este dispositivo inclui bombeiros, forças armadas, GNR, PSP, sapadores florestais, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa, serviços municipais de Proteção Civil e AFOCELCA, com apoio de meios aéreos estatais e contratados.

Antes da fase Delta, o DECIR 2025 prevê diferentes níveis de empenhamento operacional. A fase Bravo, em vigor até 31 de maio, conta com 569 operacionais, 117 veículos e quatro meios aéreos. Já a fase Charlie, entre 1 e 30 de junho, mobiliza 601 operacionais, 154 veículos e oito meios aéreos.
Para além do combate direto aos incêndios, estão previstas ações de vigilância em zonas críticas pelas forças de segurança locais e campanhas de sensibilização junto das populações rurais, especialmente nas áreas historicamente mais afetadas por fogos. Estas iniciativas visam prevenir ignições e promover comportamentos responsáveis.
O comandante Pedro Nunes alerta para a importância da responsabilidade individual, salientando que “a maioria das ignições resulta de negligência humana”. Atos como queimar amontoados ou utilizar maquinaria em dias proibidos podem desencadear incêndios de grandes proporções. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil apela à população para que, ao detetar um incêndio, contacte imediatamente o número de emergência 112.
Com este reforço de meios e ações de prevenção, as autoridades esperam minimizar o impacto dos incêndios florestais na Beira Baixa durante o verão de 2025.
Nos últimos dez anos, a região da Beira Baixa tem enfrentado uma série de incêndios florestais de grande dimensão, refletindo uma tendência nacional de aumento da frequência e intensidade destes eventos. Em 2017, o incêndio de Pedrógão Grande, que se alastrou aos concelhos vizinhos, incluindo a Sertã, resultou em 66 mortos e 254 feridos, sendo considerado o mais mortífero da história do país. Em 2022, um incêndio de grandes proporções deflagrou na Covilhã, alastrando-se à Serra da Estrela e consumindo mais de 10.500 hectares.
A Beira Baixa, caracterizada por uma vegetação densa e terrenos acidentados, é particularmente vulnerável a incêndios de sexta geração, que se distinguem pela sua velocidade e intensidade, tornando-os difíceis de controlar. Entre 2000 e 2023, Portugal registou 51 megaincêndios (áreas superiores a 10 mil hectares), com destaque para os anos de 2017 e 2022, que concentraram o maior número destes eventos.
Apesar dos esforços de prevenção e combate, os incêndios continuam a representar uma ameaça significativa para a região. Em 2024, Portugal enfrentou uma série de 128 incêndios florestais ativos, que resultaram na morte de pelo menos nove pessoas e na evacuação de várias aldeias. Estes eventos sublinham a necessidade contínua de investimentos em prevenção, vigilância e sensibilização das populações para mitigar os riscos associados aos incêndios florestais.