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“Doutor Israel”: O Primeiro Médico Cigano em Portugal que Está a Mudar o Rumo da História

Chamam-lhe Israel Paródia. A maioria nunca ouviu falar dele, mas é difícil esquecer o nome depois de conhecer a sua história. Numa fotografia partilhada nas redes sociais durante a Queima das Fitas de Lisboa, surge de capa ao ombro, fitas amarelas penduradas na pasta. A legenda dizia apenas: “Israel Paródia, finalista de Medicina 2025, cigano”. Foi o suficiente para despertar curiosidade e, rapidamente, respeito.

Israel está a terminar o curso de Medicina na Nova Medical School. Mas o currículo vai muito além. É bolseiro de mérito da Fundação Calouste Gulbenkian, embaixador europeu da Educação Inclusiva no programa INSCHOOL (uma iniciativa conjunta da União Europeia e do Conselho da Europa), assistente pré-graduado de Anatomia e Neurociências, e ativista na área da educação e literacia em saúde.

Cresceu entre Leiria e Porto de Mós. Desde cedo sonhou ser médico — sonho esse plantado pelo pai, que lhe disse, ainda em criança, que ser médico era “a mais nobre das profissões, porque salva vidas humanas e exige um enorme sacrifício”. A família, consciente do seu talento e determinação, fez de tudo para que tivesse as melhores oportunidades. Mesmo com poucos recursos, os pais percorriam diariamente mais de 30 quilómetros só para o manter na escola onde se sentia bem. Um gesto simples, mas com impacto profundo.

Israel tornou-se bolseiro da Fundação Gulbenkian através do programa “Bolsa Mais”, destinado a estudantes com elevado potencial e dificuldades económicas. Com esse apoio, transformou o sonho da infância em realidade.

Mas há algo que torna o seu percurso verdadeiramente único: Israel é, ao que tudo indica, o primeiro médico cigano em Portugal. Mais do que uma conquista pessoal, representa uma vitória histórica de uma comunidade frequentemente marginalizada e esquecida. Ele sabe disso. E não se esconde da responsabilidade.

Quer ser uma referência para outras crianças e jovens ciganos. Quer mostrar que é possível chegar longe, que o talento não tem etnia e que a educação é o caminho. “A educação é a principal ferramenta para a integração da comunidade cigana. Quanto mais cedo percebermos isso, mais fácil será construir um futuro com oportunidades iguais para todos”, afirma com clareza.

Israel não procura palcos nem fama. O que o move é a vontade de ser útil, de fazer a diferença, de honrar “a melhor profissão do mundo” – como lhe disse o pai. Quer ser melhor a cada dia, como médico e como cidadão.

A sua história devia estar em todos os jornais, devia ser contada em todas as escolas, repetida em todas as casas onde se luta por um amanhã melhor. Numa altura em que se ouvem tantos discursos de ódio e exclusão, a história de Israel Paródia é um grito silencioso de esperança. Um lembrete de que o mérito pode romper barreiras e que, sim, é possível reescrever a história.

As fitas amarelas que balançam ao vento não celebram apenas um final. São o início de um novo tempo. E o Dr. Israel é um dos seus primeiros sinais.

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