Terça-feira,Agosto 26, 2025
35.6 C
Castelo Branco

- Publicidade -

Nasceu entre 1965 e ‘80? Está tramado. Saiba por quê

A Geração X — nascidos entre 1965 e 1980 — enfrenta hoje desafios agravados: elevados níveis de stress, encargos financeiros e cuidador duplo entre o interior e o resto de Portugal, segundo múltiplos estudos nacionais e internacionais.

A Geração X engloba pessoas nascidas entre 1965 e 1980. Em Portugal, muitos cresciam como “latchkey kids” — regressavam a casa sozinhos após a escola, devido ao aumento da participação materna no mercado de trabalho. Esse hábito precoce de autonomia moldou um perfil resiliente, mas também marcado por solidão e dificuldade em pedir ajuda.

Stress elevado e saúde mental frágil

Estudos internacionais apontam a Geração X como uma das mais stressadas de sempre. Investigadores registaram níveis médios de stress superiores aos das gerações anteriores. Outros relatórios revelam um aumento dos sintomas depressivos entre adultos de meia-idade. Uma parte significativa desta geração procura apoio em saúde mental, embora com menor frequência do que os Millennials.

Outros estudos descrevem a Geração X como “geração esquecida”, com pouca visibilidade nas políticas públicas, o que agrava sensações de isolamento e frustração.

Muitos adultos desta geração acumulam cuidados a filhos e a pais idosos. Diversos relatórios acentuam o esgotamento físico e emocional resultante dessa responsabilidade dupla. Este fenómeno é igualmente visível em Portugal, onde inquéritos apontam que quase dois terços dos adultos cuidam de familiares sem apoio formal.

No interior, esse encargo tende a ser mais pesado. A escassez de serviços de apoio domiciliário faz recair a responsabilidade nos cuidadores informais, gerando maior pressão financeira e desgaste emocional.

Finanças comprometidas e pensionistas em atraso

Apesar de apresentarem maior estabilidade laboral e habitação própria do que gerações mais novas, muitos Xers enfrentam dificuldades financeiras. Entre elas estão dívidas antigas, encargos com crédito à habitação e poupanças insuficientes para a reforma. Esta falta de segurança prolonga o tempo no mercado de trabalho, o que agrava o stress, sobretudo entre mulheres que atravessam simultaneamente a menopausa e a fase de cuidados familiares.

Entre pessoas desta faixa etária, assiste-se ao aumento de doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes e obesidade. Em Portugal, os residentes no interior apresentam piores indicadores de saúde do que a média nacional, agravados pela dificuldade de acesso a cuidados preventivos e pela escassez de médicos.

As condições de vida no interior são mais difíceis devido ao despovoamento, à carência de serviços e à retracção económica. Estudos revelam que os Xers no interior valorizam o apoio comunitário, mas vivem em zonas com pouca oferta de infra-estruturas sociais. A precariedade laboral, particularmente acentuada nestas regiões desde 2010, continua a ser um obstáculo à melhoria das condições de vida.

Barreiras a procurar apoio

Muitos membros da Geração X cresceram num contexto em que a saúde mental era tabu. Procurar ajuda profissional era visto como sinal de fraqueza. Ainda hoje, persiste a resistência em pedir apoio psicológico, especialmente no interior, onde a discrição é mais valorizada e os recursos são escassos.

A evidência aponta para uma Geração X em Portugal — especialmente no interior — com saúde mental vulnerável, pressão financeira constante, sobrecarga de cuidados familiares e maior risco de doenças crónicas. Para enfrentar esta realidade, impõem-se:

1. Reforço da saúde mental em zonas rurais, com serviços públicos acessíveis e campanhas de sensibilização. 2. Apoios concretos à “sandwich generation”, com políticas de conciliação e suporte financeiro. 3. Programas de prevenção de doenças adaptados a adultos entre os 45 e os 60 anos.

Com respostas públicas adequadas, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida desta geração que, embora resiliente, vive entre exigências crescentes e o risco de esgotamento.

Se Portugal continuar a ignorar a Geração X, arrisca-se a agravar desigualdades e perder parte do capital humano que, nas últimas décadas, sustentou o progresso económico e social.

- Publicidade -

Não perca esta e outras novidades! Subscreva a nossa newsletter e receba as notícias mais importantes da semana, nacionais e internacionais, diretamente no seu email. Fique sempre informado!

Partilhe nas redes sociais:

Destaques

- Publicidade -

Artigos do autor

Não está autorizado a replicar o conteúdo deste site.