Reunidos nos Países Baixos, os 32 aliados destacaram a necessidade de investimento estratégico em segurança, reafirmaram o caminho irreversível da adesão da Ucrânia à Aliança e prometeram manter o apoio frente à agressão russa
Cimeira da NATO
“A Ucrânia pode vencer.” Com esta declaração, feita por um alto responsável militar dos Estados Unidos, foi dado o tom para a cimeira da NATO que decorre esta semana na cidade de Haia, nos Países Baixos. O encontro reúne os 32 países aliados com foco no reforço do apoio à Ucrânia, na modernização da Defesa europeia e na definição de novos compromissos orçamentais face ao atual contexto geopolítico.
Esta é a primeira grande reunião internacional com a presença de Donald Trump no seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos. Apesar das expectativas em torno da sua postura, o consenso entre os aliados foi claro: manter o apoio a Kiev é uma prioridade estratégica comum.
Apoio a Kiev: “Estão entre amigos”
Durante a sessão de abertura, o primeiro-ministro neerlandês em funções e próximo secretário-geral da NATO, Mark Rutte, assegurou ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que os aliados estão unidos:
“Todos os aliados estão motivados. Espero que saiba que ouço de todos o empenho em manter-vos fortes, em manter a luta e em trazer esta guerra terrível a uma paz duradoura. Estão entre amigos.”
Ao longo da cimeira, diversos líderes reafirmaram que o objetivo é impedir uma vitória russa e garantir que a Ucrânia tem os meios necessários para prevalecer no conflito. “Putin acordou um gigante”, afirmou o ministro polaco dos Negócios Estrangeiros, Radosław Sikorski, defendendo que “é preciso gastar mesmo dinheiro em Defesa”.

Caminho irreversível para a NATO
Num encontro bilateral com Zelensky, o secretário-geral da NATO declarou que a adesão da Ucrânia à Aliança é “um caminho irreversível”, antecipando “decisões relevantes” sobre o tema ao longo dos trabalhos. A mensagem foi clara: a Ucrânia está cada vez mais integrada na lógica estratégica do bloco transatlântico.
Trump regressa à mesa da NATO
Com a presença de Donald Trump, a cimeira também marca o regresso da diplomacia norte-americana ao centro da Aliança Atlântica. Espera-se que Trump e Zelensky se encontrem à margem do encontro, num momento em que os EUA reafirmam o seu papel no fornecimento de armamento e inteligência a Kiev.
O Tenente-General Alexus Grynkewich, nomeado por Trump para liderar as forças dos EUA na Europa, expressou confiança na capacidade ucraniana:
“Acredito que a Ucrânia pode vencer. Sempre que a nossa própria terra natal é ameaçada, lutamos com uma tenacidade que é difícil de descrever.”
Acordo para modernizar a Defesa
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, aproveitou o palco da cimeira para destacar que “a forma como investimos é tão importante quanto o montante que investimos”. Para Von der Leyen, a guerra na Ucrânia revelou a urgência de modernizar as forças armadas europeias, com foco em tecnologias emergentes, como sistemas de interferência, drones e inteligência artificial.
“A Europa da Defesa acordou finalmente. É vital reabastecer reservas, modernizar sistemas antigos e responder às novas necessidades tecnológicas”, defendeu a líder europeia, propondo uma maior integração entre indústrias civis e militares no espaço da NATO.
Ucrânia pede mais meios e liderança tecnológica
Num discurso emotivo, Zelensky apelou ao fornecimento urgente de sistemas de defesa aérea, incluindo drones, e pediu “liderança europeia na produção e inovação” no setor de Defesa.
“Enquanto Putin conseguir matar, Putin vive”, alertou, acrescentando que os objetivos do Kremlin “não se circunscrevem à Ucrânia”.
O presidente ucraniano pediu ainda que a “cidade da justiça” — Haia, onde se situa o Tribunal Penal Internacional — seja também símbolo de uma resposta unida e firme contra a agressão russa.