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Autárquicas: Candidaturas independentes nascem como cogumelos em Castelo Branco, Guarda e Portalegre

Há cada vez mais candidaturas “independentes” — apresentadas por cidadãos ou grupos cívicos — nas eleições autárquicas de 2025 nos distritos de Castelo Branco, Guarda e Portalegre, impulsionadas por dissidências partidárias, fintechs cívicas e recursos regionais

Nos três distritos, a maioria dos concelhos (mais de metade) conta com pelo menos uma candidatura independente apresentada como “grupo de cidadãos eleitores” ou movimento local. Em Portalegre, além dos partidos tradicionais, surge a “Candidatura Livre e Independente por Portalegre” em concelhos como Portalegre, Avis e Monforte. Em Castelo Branco e Guarda o fenómeno repete-se, com vários movimentos cívicos a disputarem câmaras.

Grande parte destas candidaturas emerge de dissidentes dos partidos instalados. Em Castelo Branco, o movimento “Sempre – Movimento Independente”, liderado por ex-autarcas do PS, conquistou em 2021 quase tantos votos quanto os socialistas, elegendo três vereadores. Em Portalegre, Adelaide Teixeira, antiga presidente, mantém-se com o seu movimento independente, mesmo após eleições anteriores.

As candidaturas independentes reivindicam uma gestão mais próxima das comunidades, fora das “linguagens partidárias” e com agendas centradas nas realidades locais. Apontam falta de resposta dos partidos a problemas como envelhecimento, desertificação e fraca coesão territorial. O formato de “grupo de cidadãos” permite canalizar esse descontentamento, respeitando limites legais de subscrição — pelo menos 250 eleitores por concelho.

Exemplo no Fundão

A principal candidatura independente anunciada para a Câmara Municipal do Fundão nas eleições autárquicas de 2025 é o movimento “Comunidade com Força”. Este movimento apresenta-se como uma alternativa livre das estruturas partidárias tradicionais, centrando o seu discurso na proximidade à comunidade, na diversidade e na inclusão.

A candidatura é encabeçada por Alcina Cerdeira, actual vereadora eleita pelo PSD na Câmara do Fundão, que agora concorre como independente. Alcina Cerdeira destaca os seus 16 anos de trabalho autárquico, experiência em áreas como educação, saúde, ação social e cultura, e sublinha o compromisso de escutar e servir a população do Fundão, promovendo uma política de proximidade e transparência.

O movimento foi formalmente apresentado por Pedro Neto, também vereador do PSD, que assinou o comunicado de apresentação do projecto. O grupo destaca que a sua génese está no trabalho desenvolvido nos últimos anos e na vontade de colocar a comunidade no centro da ação política.

“Ser uma candidata independente é desafiar o hábito. É caminhar sem o amparo das máquinas partidárias, enfrentando mais pedras no percurso, mas com a liberdade de quem escolhe o seu próprio caminho. (…) Ser independente é, acima de tudo, um ato de resistência e de esperança.” — diz Alcina Cerdeira.

Os recursos financeiros destas candidaturas provêm sobretudo de contribuições dos próprios candidatos, pequenos donativos de cidadãos e eventos locais de angariação. Embora recebam também financiamento público proporcional ao número de votos, os valores recolhidos são habitualmente inferiores aos dos partidos maiores. A gestão costuma ser assegurada por tesoureiros voluntários, com contas submetidas à Comissão Nacional de Eleições, gerando menores gastos com publicidade face às estruturas partidárias.

Nas autárquicas de 2021 em Castelo Branco, o “Sempre” atingiu 32 por cento dos votos, quase igualando o PS (36 por cento). Em Portalegre, o movimento de Adelaide Teixeira obteve 25 por cento dos votos. Este historial mostra que as independentes não são meros candidatos periféricos: podem ser determinantes para o equilíbrio político.

Em 2025, a presença destas candidaturas reforça-se: surgem listas cívicas em concelhos onde antes dominavam os partidos. A lei mantém o número exigido de subscritores, mas permite listas flexíveis e de âmbito local. Espera-se que continuem a atrair votos, sobretudo nas áreas rurais, onde a insatisfação face aos partidos e a busca de soluções concretas ganham força.

Contexto nacional
O fenómeno das candidaturas independentes alinha-se com a crescente diversificação do sistema político em Portugal, onde cidadãos organizam-se junto de problemas reais locais, mais do que linhas ideológicas. São reflexo de uma população com menos paciência para estruturas partidárias e mais exigente quanto à eficácia municipal. A sua presença reforça a pluralidade, mas também desafia os partidos a renovar-se.

As candidaturas independentes nos distritos de Castelo Branco, Guarda e Portalegre assumem-se como alternativa política com capacidade de mobilização real e histórico de resultados relevantes. Representam uma resposta às lacunas dos partidos tradicionais, procuram um modelo de financiamento participativo e estabelecem uma relação directa com as comunidades locais. A eleição de 2025 manterá este duplo papel: pluralizar o panorama autárquico e obrigar os partidos a repensar a sua forma de estar nas autarquias.

 

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