O distrito de Castelo Branco assume a transição energética como prioridade regional, com expansão de energia solar e eólica e o desenvolvimento do biometano. O investimento visa reforçar a rede, implementar leilões para gases renováveis e dinamizar a economia local.
Rede eléctrica reforçada para renováveis
A REN aumentou a capacidade de transporte entre Nisa e Castelo Branco, criando uma linha de 150 kV preparada para 400 kV, com 46,5 km de extensão e 114 postes. O investimento de cerca de 12 milhões de euros visa permitir o escoamento dos parques eólicos da Gardunha e Pinhal Interior e das centrais hídricas do Fratel e de Pracana. A medida fortalece a infraestrutura necessária para acolher futuras fontes de energia renovável.
O Programa Eleitoral do Partido Socialista para 2025 incluía na Beira Interior um eixo Castelo Branco–Fundão–Covilhã–Guarda que integraria a produção de hidrogénio verde e biometano. Simultaneamente, o Plano Regional de Ordenamento do Território (PROT Centro) propõe aumentar a produção de renováveis para reduzir a dependência energética regional. Estes esforços interligam-se com projectos de solar fotovoltaico, como o Pinhal Interior II, já em fase de aprovação ambiental.
Biometano: impulso e usos
Estudos do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) e do Fundo Ambiental apontam para um potencial de produção de cerca de 1,7 milhões de Nm³ de biometano por ano, a partir de resíduos agrícolas e industriais. Portugal conta com mais de sessenta instalações de biogás, 51 ligadas à rede eléctrica, seis das quais em cogeração.
O biometano, após purificação, pode ser injetado na rede de gás natural ou ser utilizado como combustível nos transportes pesados, na indústria e na mobilidade marítima e aérea. A meta europeia de 10 por cento de energias renováveis nos transportes torna-o essencial para o cumprimento dos compromissos nacionais.
O Governo propõe leilões de compra centralizada para gás renovável, criação de regulação para injeção na rede de gás e apoio a projectos industriais de alto valor, garantindo que a produção de hidrogénio verde e biometano seja sustentável. Estas medidas deverão atrair investimento e fomentar a cadeia de produção local, integrando a bioeconomia no território da Beira Baixa.
Contexto nacional e europeu
Portugal comprometeu-se, ao abrigo das directivas europeias, a atingir 31 por cento de renováveis no consumo final bruto e 10 por cento nos transportes. A aposta no biometano aproveita a abundância de resíduos agrícolas na região, enquadrando-se igualmente no Plano de Recuperação e Resiliência, que financia infra-estrutura e inovação no sector energético.
Castelo Branco e a Beira Baixa estão no centro da transição energética nacional, com reforço da rede, expansão de solar e eólica, e mobilização do biometano. A próxima fase implica activar instrumentos de mercado, regulatórios e de financiamento. O êxito destas políticas pode transformar a economia regional, criar emprego verde e reforçar a autonomia energética nacional. O futuro dependerá agora da concretização dessas medidas.