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Morre Teresa Cupertino de Miranda, a mulher que ousou conquistar o Dakar e desafiou os limites do impossível

Faleceu esta segunda-feira, aos 78 anos, Teresa Cupertino de Miranda, figura incontornável do desporto motorizado nacional e primeira mulher portuguesa a participar no lendário rali Paris-Dakar. A sua morte representa o desaparecimento de uma verdadeira pioneira, cuja vida foi pautada por coragem, determinação e um espírito aventureiro que marcou várias gerações

Morre Teresa Cupertino de Miranda, a mulher que ousou conquistar o Dakar e desafiou os limites do impossível
Foto: D.R.

Em 1992, Teresa entrou para a história ao participar no rali Dakar, então com chegada à Cidade do Cabo, na África do Sul. Ao volante de um Nissan Patrol, acompanhada por Berta Assunção e Manuel Caetano, completou a exigente prova no 110.º lugar. Mais do que um número na classificação, a sua participação rompeu com estereótipos e mostrou ao mundo que o talento e a resistência não têm género. Num cenário dominado por homens e marcado por desafios extremos de navegação, resistência física e superação, Teresa impôs a sua presença com uma naturalidade desarmante, tornando-se um símbolo de afirmação feminina.

A sua ousadia não se esgotou no Dakar. Teresa Cupertino de Miranda atravessou continentes em expedições de cortar a respiração, ligando a Guiné-Bissau a Lisboa, Paris a Pequim e Lisboa à Índia. Com cerca de 22 mil quilómetros percorridos em condições adversas, demonstrou uma paixão inabalável pelos motores e uma sede permanente de descobrir o mundo pelas estradas menos óbvias. Cada trajecto espelhava a sua força interior e a vontade inquebrantável de desafiar limites.

Mais do que uma piloto, foi uma inspiração. O seu legado vive hoje nas mulheres que se seguiram no desporto automóvel, como Joana Lemos, Elisabete Jacinto e a própria filha, Madalena Antas, que herdou o gosto pelas competições e pela aventura. Teresa foi mentora, exemplo e referência, abrindo portas que antes pareciam fechadas por preconceitos e tradições.

A sua partida representa uma perda profunda para o automobilismo português. Contudo, permanece viva a memória da mulher que, em vez de seguir pelo caminho mais fácil, escolheu as trilhas mais difíceis. Teresa Cupertino de Miranda viveu com a intensidade dos motores a rugir e com o olhar sempre fixo no horizonte. Foi mais do que uma pioneira — foi uma desbravadora de caminhos e uma força da natureza que recusou travar quando todos os outros hesitavam.

Portugal despede-se de uma lenda. A estrada pode ter terminado, mas a sua marca continua gravada no asfalto da história.

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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