A candidata do Partido Socialista à Câmara Municipal de Lisboa, Alexandra Leitão, contradisse e desautorizou esta tarde, na capital, a convocatória urgente da Concelhia alfacinha, dizendo que ainda não existe “coligação” à esquerda. Ouvida pela SIC, a candidata escolhida por Pedro Nuno Santos afirma que uma coligação deve ter por base “um programa sólido” e que os partidos devem continuar a conversar.
Alexandra Leitão recua na promessa de coligação à esquerda em Lisboa
Questionada se haverá uma coligação “de facto”, Leitão chutou para canto, não respondendo à pergunta. Apenas respondeu que não era isso que importava, mas sim um entendimento que fosse possível.
Ora, esta posição desmente e desautoriza a convocatória que o PS/Lisboa fez esta quarta feira que convoca os militantes para uma Assembleia Geral, a ter lugar já esta quinta-feira e onde o primeiro ponto da Ordem de Trabalhos é… “A apresentação e votação da proposta de acordo autárquico aos órgãos municipais” – o que foi entendido pelos militantes como, finalmente, a aprovação do acordo entre PS, Livre, Bloco de Esquerda e PAN.

Mas afinal, e segundo as palavras da candidata, nada de acordo aos órgãos autárquicos. A reunião desta quinta-feira não irá aprovar nada disto porque… ainda não existe acordo nenhum. Tarda esse acordo e o entendimento.
Uma das razões para a demora pode ser o segundo ponto da ordem de trabalhos da reunião de dia 17 de Julho: a avocação pelo Secretariado concelhio de todas as candidaturas às importantes Juntas de Freguesia da capital. Depois dos problemas a que O REGIÕES tem noticiado, Davide Amado, que coordena o PS/Lisboa, não conseguiu acalmar as secções de residência do partido. Depois de reuniões duras, na passada semana e até no início desta, Amado decidiu chamar a si a responsabilidade de escolher os cabeças de lista e, também, as listas completas de candidatos. Aqui pode estar o verdadeiro busílis. É que Bloco de Esquerda e Livre, tal como em eleições anteriores, desejam ter cabeças de listas próprios a algumas freguesias. Com o conflito dentro do PS, os socialistas não conseguem ainda garantir as Juntas que podem ser lideradas pelos parceiros.
O Partido Socialista está, assim, refém de si mesmo e, ao mesmo tempo, dos parceiros de coligação. Fontes do Livre dizem a OREGIÕES que pensam já seguir a solo para as eleições e deixar o PS a solo. No Bloco de Esquerda, ainda fragilizado, o sentimento começa a ser semelhante. Porém os dois partidos podem vir a sustentar um executivo PS na vereação, mesmo sem acordo.
O problema está nas sondagens internas. Alexandra Leitão, apesar de recolher maior simpatia do que Carlos Moedas (candidato do PSD/CDS), isso não lhe vale a vitória. Pelo contrário. Assim ditam os números, por agora.