A Boavista SAD foi hoje oficialmente relegada para os escalões distritais da Associação de Futebol do Porto, depois de não apresentar qualquer recurso da decisão que lhe negou o licenciamento para disputar a Liga 3. A ausência de documentos comprovativos de regularização junto da Autoridade Tributária e da Segurança Social ditou o afastamento da sociedade desportiva dos campeonatos profissionais e semiprofissionais.
A confirmação chegou ao fim do prazo legal para recurso ao Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), o qual terminou na quarta-feira. A SAD axadrezada, liderada pelo senegalês Fary Faye, optou por não contestar o acórdão da Comissão de Licenciamento da FPF, conhecido a 11 de julho.
Entre os fundamentos da decisão, constam falhas na apresentação de certidões de não dívida e indícios de fragilidade económica e financeira. A própria SAD do Boavista entrou recentemente em processo de insolvência, o que agravou a avaliação negativa da sua capacidade para participar em competições tuteladas pela FPF.
Depois de já ter sido despromovido à II Liga em maio, ao terminar a I Liga no 18.º e último lugar com apenas 24 pontos, o clube viu frustradas todas as tentativas de inscrição nas provas da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP). Posteriormente, foi também recusado o acesso à Liga 3, terceiro escalão nacional.
Com o encerramento da via de recurso, a consequência é direta: a Boavista SAD desce aos escalões distritais da Associação de Futebol do Porto, fora das estruturas nacionais que incluem a Liga 3 e o Campeonato de Portugal.
A direcção do clube, liderada por Rui Garrido Pereira, anunciou entretanto a intenção de inscrever uma equipa sénior independente da SAD já na época 2025/26, tentando salvaguardar a presença competitiva da histórica camisola axadrezada.
Campeão nacional em 2000/01 e detentor de um dos cinco títulos da história do futebol português, o Boavista vê assim interrompido um percurso de onze épocas consecutivas no principal escalão do futebol nacional, enfrentando agora o desafio de reconstruir o seu projeto desportivo a partir dos campeonatos distritais.
A queda da Boavista SAD constitui um dos episódios mais dramáticos da história recente do futebol português, ao envolver um emblema tradicional com vasta tradição e palmarés, agora confrontado com a mais profunda crise desportiva e financeira da sua existência.