A organização internacional Repórteres sem Fronteiras (RSF) lançou hoje um alerta contundente sobre os perigos que a liberdade de imprensa enfrenta a nível global, apontando diretamente Donald Trump como um dos principais catalisadores desta ameaça. Segundo a RSF, o Presidente dos Estados Unidos desempenha um papel central num movimento político transnacional cada vez mais hostil ao jornalismo livre e independente.
“Donald Trump tornou-se uma figura central num movimento político global hostil ao jornalismo, contribuindo para o declínio da liberdade de imprensa em âmbito internacional”, afirmou a organização, sublinhando a crescente erosão dos direitos dos jornalistas desde o início do segundo mandato do Presidente norte-americano.
Seis meses após o regresso de Trump à Casa Branca, a RSF destaca uma escalada preocupante de medidas que restringem a atuação dos media. Entre elas, consta o aumento do número de processos judiciais contra órgãos de comunicação social que publicam reportagens consideradas desfavoráveis pela administração. Segundo os RSF, trata-se de processos abusivos com o objetivo de intimidar e silenciar a crítica.
Além disso, Donald Trump nomeou aliados políticos e pessoas da sua confiança para cargos de direção em grupos de media estratégicos, numa tentativa clara de controlar a narrativa informativa no país. Esta prática, segundo os analistas da RSF, inspira regimes autoritários em diversas partes do mundo, fortalecendo um ciclo de repressão global contra a imprensa.
A organização denuncia também o desmantelamento deliberado de órgãos de comunicação públicos independentes e o aumento de episódios de violência contra jornalistas, sobretudo durante a cobertura de protestos e manifestações. Acrescenta ainda que a Casa Branca promove campanhas de difamação contra profissionais da comunicação social, ao mesmo tempo que impõe restrições ao vocabulário utilizado pelos media, proibindo determinadas palavras e expressões consideradas “indesejáveis”.
Clayton Weimers, diretor executivo dos RSF nos Estados Unidos, alerta para a propagação internacional dessas práticas: “Donald Trump pode estar a erguer barreiras comerciais, mas quando se trata de ataques à imprensa, as ideias fluem livremente entre países com pouco respeito pela liberdade de imprensa”.
Weimers reforça que, desde a sua reeleição, o Presidente norte-americano deixou para trás a retórica e passou à ação direta, adotando medidas concretas com o objetivo de limitar o trabalho dos jornalistas. Segundo o responsável, estas estratégias refletem uma partilha transfronteiriça de técnicas autoritárias que têm como alvo a imprensa, com graves consequências para a democracia e os direitos fundamentais.
A RSF apela à comunidade internacional para que reaja com firmeza perante esta ameaça crescente, recordando que a liberdade de imprensa constitui um dos pilares essenciais de qualquer sociedade democrática.