O Telescópio Espacial Hubble capturou a imagem mais detalhada até agora do cometa 3I/ATLAS, um visitante raro proveniente de fora do Sistema Solar. Descoberto no mês passado pelo telescópio ATLAS, no Chile, este é apenas o terceiro objeto interestelar já identificado, depois de 1I/ʻOumuamua (2017) e 2I/Borisov (2019)
A viajar a cerca de 209 mil km/h, uma velocidade nunca antes vista em um cometa, o 3I/ATLAS passará mais próximo de Marte do que da Terra, mantendo distância segura de ambos os planetas. Com diâmetro estimado em até 320 metros, o cometa não oferece risco ao nosso planeta. Quando fotografado pelo Hubble, encontrava-se a 446 milhões de quilômetros de distância, na direção da constelação de Sagitário.
“É como ver uma bala disparada por uma fração de segundo”, explicou David Jewitt, da Universidade da Califórnia, responsável pelas observações. “Não conseguimos recuar com precisão suficiente para determinar onde começou sua trajetória.”
O cometa atingirá sua maior aproximação à Terra no final de outubro, mas estará oculto atrás do Sol. Esta trajetória levanta também questões entre os cientistas, uma vez que parece ser uma trajetória «propositada, ou manipulada» de forma a manter este objecto misterioso oculto aos nossos olhos durante cerca de dois meses. Será visível novamente em dezembro, já em trajetória de retorno ao espaço interestelar.

Possibilidade de missão espacial
Um estudo da Universidade Estadual do Michigan, publicado no arXiv, avalia a viabilidade de uma missão de aproximação ao 3I/ATLAS, uma vez que este objeto um tanto misterioso. O cenário mais favorável seria um lançamento a partir de Marte aproveitando a passagem do cometa a 29 milhões de quilômetros do planeta vermelho. Essa proximidade permitiria observações diretas de sua composição, estrutura e atividade, fornecendo pistas valiosas sobre a formação de sistemas planetários além do nosso.
Sondas em operação ao redor de Marte, como a MAVEN, Mars Odyssey, MRO, Mars Express e a TGO da ESA, poderão registrar imagens únicas do objeto durante o periélio, período em que ele estará invisível para observadores na Terra.
A descoberta do 3I/ATLAS reforça como o avanço tecnológico na observação do céu vem revelando uma população até então oculta de visitantes interestelares — mensageiros fugazes que cruzam nosso caminho vindos de outros cantos da galáxia.