Um violento incêndio florestal consome desde a madrugada uma vasta área de pinhal e mato nos arredores do Fundão. As chamas, com duas frentes activas, ameaçam várias povoações e mobilizam um significativo dispositivo de combate no terreno
O fogo, cujo alerta foi dado às 04h32, lavra com grande intensidade na Serra da Gardunha, tendo já consumido uma área estimada em 1 200 hectares, segundo o último balanço da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC). No combate às chamas encontram-se empenhados 412 operacionais, apoiados por 128 veículos terrestres e oito meios aéreos, que actuam de forma intermitente devido à intensidade do fumo. As aldeias de Aldeia de Joanes e Donas são as que inspiram maior preocupação, com as chamas a poucos quilómetros.
A acção dos bombeiros concentra-se na protecção de pessoas e bens, tendo sido já evacuada por precaução uma pequena povoação isolada com dez habitantes. Fontes da Guarda Nacional Republicana (GNR) no local confirmam o corte de estradas municipais para facilitar a movimentação dos veículos de socorro. «O combate está a ser dificultado pelo vento forte de leste e pelos acessos difíceis ao terreno», explicou o comandante das operações no posto de comando.
Previsão climática agrava risco
A situação meteorológica para os próximos dois dias agrava o cenário já difícil. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê a continuação de tempo quente e seco para a região da Beira Interior, com as temperaturas a poderem atingir os 38 graus Celsius. Além disso, a humidade relativa do ar manter-se-á baixa, frequentemente abaixo dos 20 por cento durante a tarde.
Estas condições são extremamente favoráveis à progressão das chamas, representando um desafio acrescido para os operacionais no terreno. O vento deverá soprar moderado a forte do quadrante leste, factor que pode potenciar a projecção de faúlhas e a criação de focos secundários de incêndio. A Protecção Civil mantém, por conseguinte, o alerta máximo para toda a região centro do país, apelando à população para evitar comportamentos de risco.
Situação nacional também preocupa
O incêndio do Fundão é o que suscita maior preocupação a nível nacional, mas não é um caso isolado. Em todo o território continental, a ANEPC regista esta Terça-feira um total de oito ocorrências significativas em curso, que mobilizam mais de um milhar de bombeiros. No Algarve, um fogo no concelho de Monchique reactivou durante a manhã e obrigou ao reforço de meios, contando agora com 250 operacionais no local.
No Norte do país, o distrito de Vila Real regista também um incêndio em zona de mato de difícil acesso, que consome uma área de floresta autóctone. Este cenário reflecte o elevado risco de incêndio rural que assola Portugal, com mais de 90 concelhos em perigo máximo, segundo o IPMA. As autoridades reforçam o apelo à vigilância e à colaboração dos cidadãos, lembrando a proibição total de queimadas e o uso de maquinaria em espaços florestais.