No dia em que o Chega quis sinalizar a promessa de indicar candidatos a todos os municípios nestas autárquicas, e com quase todos os deputados comprometidos com outros concelhos, o partido de André Ventura foi forçado a procurar substituto para uma das principais apostas autárquicas: a Câmara Municipal de Setúbal.
Lina Lopes, antiga deputada do PSD que se desfiliou do partido para ser candidata à autarquia setubalense, como independente apoiada pelo Chega, desistiu da corrida autárquica, justificando a decisão com uma alegada “campanha difamatória” contra si.
António Carlos Cachaço é o novo candidato do partido Chega à presidência da Câmara Municipal de Setúbal. O nome surge no mesmo dia em que Lina Lopes, independente apoiada pelo partido liderado por André Ventura, ter revelado estar fora da eleição.
Lina Lopes, antiga deputada do PSD, era até a manhã desta segunda-feira a candidata do Chega à presidência da câmara municipal de Setúbal, numa aproximação ao partido de Ventura que começou quando integrou o gabinete do vice-presidente da AR, Diogo Pacheco Amorim.
Após ser acusada em publicações nas redes sociais de ter recebido dinheiro de um empresário em troca de futuros favores, Lina Lopes anunciou na sua página de Facebook que tomou a “decisão de retirar a candidatura à câmara municipal de Setúbal”, mas diz que a decisão não significa “qualquer reconhecimento das falsas acusações” que lhe são dirigidas.
Lina Lopes — que foi presidente das Mulheres Sociais Democratas e apoiante de todas as horas de Rui Rio no PSD — diz estar a ser alvo, nos últimos dias, de uma “campanha difamatória” e de “tentativas de chantagem“.
A ex-deputada diz que se afasta da candidatura devido à necessidade que tem de se poder “defender com total liberdade e serenidade, sem permitir que ataques pessoais continuem a ser instrumentalizados para atingir o partido [o Chega] que me apoia e os seus militantes.”
Lina Lopes diz ainda que o seu compromisso com o projeto político do Chega se mantém “inalterado”, mas que vai dedicar-se com todas as suas “energias à defesa do meu bom nome e honra pessoal, confiando que a justiça apurará rapidamente os factos e punirá quem, de forma criminosa, tenta destruir pessoas e descredibilizar instituições democráticas.”
Nos últimos dias começaram a circular em diversas páginas dedicadas à política local em Setúbal prints de mensagens de um empresário (alegadamente com o nome de Vítor Pilas) que revelou ter pago “almoços, jantares e lanches” a Lina Lopes e que alegadamente lhe teria emprestado 20 mil euros e também pago um carro num valor de 38.400 euros.
O motivo da zanga do empresário seria o facto de Lina dizer que esse alegado financiador tinha sido preso por tráfico de droga, o que levou Vítor Pilas a pedir que todo o dinheiro emprestado fosse
devolvido até ao último domingo, 17 de agosto. Um dia depois, Lina Lopes acabou por anunciar que se retira da candidatura, mas diz que são falsas as acusações.
O substituto
António Carlos Cachaço, o candidato do Chega à presidência da Câmara Municipal de Setúbal, reside em Setúbal, é licenciado em Marketing pela Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Setúbal e frequentou a Escola Secundária Sebastião da Gama.
O agora cabeça-de-lista era o número dois na lista que, até à manhã de hoje, era liderada pela antiga deputada do PSD.
