A Euribor a seis meses desceu esta Terça-feira para 2,109 por cento, a taxa a 12 meses recuou para 2,081 por cento e a de três meses avançou para 2,034 por cento, segundo dados divulgados pelo mercado interbancário europeu.
As taxas de referência registaram movimentos distintos face a Segunda-feira. A Euribor a seis meses, que desde Janeiro do ano passado passou a ser a mais utilizada nos contractos de crédito à habitação com taxa variável em Portugal, caiu 0,002 pontos percentuais, após se ter fixado em 2,111 por cento no dia anterior.
No prazo mais curto, a Euribor a três meses subiu 0,006 pontos, passando de 2,028 para 2,034 por cento. Apesar da subida, esta taxa continua abaixo dos valores praticados nos prazos de seis e de 12 meses.
Utilização da Euribor em Portugal
De acordo com dados do Banco de Portugal relativos a Junho, a Euribor a seis meses representava 37,74 por cento do total de contractos de crédito à habitação própria permanente com taxa variável. A taxa a 12 meses correspondia a 32,28 por cento e a de três meses a 25,58 por cento.
A taxa a 12 meses, a mais longa das três, também registou esta Terça-feira uma descida ligeira, de 0,003 pontos percentuais, passando de 2,084 para 2,081 por cento.
Impacto nas famílias portuguesas
As variações da Euribor, mesmo quando marginais, têm reflexo imediato nas prestações dos empréstimos à habitação. Para muitas famílias com crédito de valor médio, uma redução de apenas 0,01 pontos percentuais pode representar menos alguns euros na prestação mensal. Ao longo de um ano, esse ajustamento traduz-se numa poupança considerável, sobretudo em agregados já pressionados por aumentos do custo de vida.
Nos contractos indexados à Euribor a seis meses, o efeito das descidas é sentido com maior rapidez, dado que a revisão das prestações ocorre duas vezes por ano. Já nas taxas a 12 meses, as famílias somente sentem alterações uma vez por ano, o que atrasa tanto o alívio como a subida. Nos contractos de três meses, a actualização é mais frequente, mas também mais volátil, dificultando às famílias preverem o valor a pagar a médio prazo.
Para quem renegociou contractos ou recorreu a medidas de apoio público durante o pico das taxas em 2023 e 2024, estas descidas recentes representam um sinal de esperança. No entanto, os encargos continuam acima dos valores praticados antes do ciclo inflacionário que levou o Banco Central Europeu a aumentar sucessivamente as taxas directoras.
Contexto europeu
O Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas directoras na reunião de 24 de Julho, decisão já esperada pelos mercados financeiros. A instituição, sediada em Frankfurt, tinha iniciado em Junho de 2024 um ciclo de cortes que totalizou oito reduções consecutivas.
Desde então, a política monetária do BCE tem sido acompanhada de perto pelos bancos e pelos agentes económicos, devido ao impacto directo nas taxas Euribor e, consequentemente, nas prestações dos empréstimos à habitação.
Perspectivas futuras
Entre os analistas financeiros, as previsões dividem-se. Alguns esperam que o BCE mantenha as taxas directoras até ao final do ano, de modo a avaliar os efeitos dos cortes anteriores. Outros antecipam uma nova redução, de 25 pontos-base, já na reunião agendada para 10 e 11 de Setembro, em Frankfurt.
Independentemente da decisão, os movimentos da Euribor continuarão a ser determinantes para milhões de famílias com crédito à habitação em Portugal. A descida das taxas representa um alívio progressivo, mas ainda insuficiente para recuperar o poder de compra perdido nos últimos anos. Pequenas oscilações, como as registadas esta Terça-feira, podem significar a diferença entre um orçamento equilibrado e novas dificuldades financeiras.
Com o rendimento disponível a encolher face à inflação e ao aumento de outras despesas essenciais, os portugueses mantêm a expectativa de que a evolução da política monetária traga maior estabilidade e previsibilidade às prestações da habitação. Até lá, cada variação da Euribor será acompanhada de perto por famílias e bancos, conscientes de que o equilíbrio entre esforço financeiro e qualidade de vida continua frágil.