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Trabalhadores estrangeiros sustentam o crescimento económico europeu

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, afirma que os trabalhadores estrangeiros impulsionaram metade do crescimento económico da zona euro entre 2022 e 2025, compensando o declínio dos salários reais e da jornada de trabalho.

A responsável do Banco Central Europeu (BCE) enfatizou no simpósio anual em Jackson Hole, nos Estados Unidos, que os trabalhadores estrangeiros representavam somente 9 por cento da força laboral da zona euro em 2022, mas responderam por metade do seu crescimento nos três anos seguintes. Sem esta contribuição, os mercados laborais seriam mais apertados e a produção seria inferior.

Num exemplo concreto, Lagarde indicou que o produto interno bruto da Alemanha seria cerca de 6 por cento inferior ao nível de 2019 se a mão-de-obra estrangeira não tivesse contribuído. O positivo desempenho económico de Espanha, no pós-pandemia, também foi atribuído, em boa parte, a essa mesma contribuição.

Europeus não nascem

Segundo dados recentes, a população da União Europeia atingiu um nível recorde de 450,4 milhões de habitantes em 2024, graças ao saldo migratório positivo que compensou o declínio natural, com mais mortes do que nascimentos. O aumento demográfico resultou de um saldo migratório de dois milhões e 300 mil pessoas, que ultrapassou em cerca de 1 milhão e 300 mil o saldo negativo natural.

Apesar dos benefícios económicos revelados, Christine Lagarde alertou para a crescente pressão política contra a imigração. Alguns governos, como o da Alemanha, suspenderam programas como o reagrupamento familiar, em resposta à ascensão de partidos de extrema-direita. Estes desenvolvimentos poderão limitar o potencial de migração e, consequentemente, afectar o crescimento económico futuro.

Imigrantes sustentam Europa

Para além da imigração, Lagarde apontou factores complementares que contribuíram para a resiliência do mercado laboral europeu: a redução dos salários ajustados à inflação, a retenção de trabalhadores pelas empresas e a crescente participação de pessoas mais idosas no mercado de trabalho. Estes elementos, aliados à imigração, permitiram ao BCE manter subidas das taxas de juro em 2022 e 2023 sem causar recessão ou uma forte subida do desemprego.

Em Portugal, os efeitos da mão-de-obra estrangeira também têm sido visíveis nos últimos anos, em particular nos sectores da agricultura, construção civil, hotelaria e cuidados pessoais. Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) apontam para uma população estrangeira residente superior a 800 mil pessoas em 2024, valor que corresponde a mais de 8 por cento do total. Esta presença tem contribuído para atenuar a escassez de trabalhadores nacionais em áreas de baixa atractividade salarial, garantindo a continuidade de sectores estratégicos para a economia.

Segurança Social sustentada por “estrageiros”

O impacto é igualmente notório no sistema de segurança social, com as contribuições dos imigrantes a reforçarem as receitas e a ajudarem a equilibrar a balança num país que envelhece rapidamente. Sem esta participação, as contas públicas estariam sob maior pressão, sobretudo numa conjuntura onde a natalidade portuguesa se mantém em mínimos históricos. Além disso, os novos fluxos migratórios trouxeram uma dinâmica adicional ao mercado de arrendamento e ao consumo interno, estimulando serviços locais e comércio de proximidade.

Ao mesmo tempo, os desafios da integração social e cultural têm estado na agenda política e comunitária, exigindo respostas equilibradas que assegurem coesão social e aproveitamento do capital humano. Apesar de algumas resistências políticas,

sobretudo em debates sobre habitação e pressão nos serviços públicos, a maioria dos especialistas sublinha que a presença estrangeira em Portugal é, no cômputo geral, um factor de sustentabilidade económica e demográfica.

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