O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, afirmou esta segunda-feira que não tenciona abandonar o cargo na sequência do trágico acidente com o elevador da Glória, que provocou 16 mortos e mais de vinte feridos. O autarca assegurou que a sua “responsabilidade política” é continuar à frente dos destinos da cidade, numa altura em que considera ser necessário “liderança firme e decisões certas”.
Durante a reunião da Assembleia Municipal de Lisboa, Carlos Moedas dirigiu grande parte da sua intervenção à tragédia que abalou a capital na passada quarta-feira. No espaço reservado à apresentação do balanço do executivo entre junho e agosto, o autarca social-democrata começou por destacar o impacto humano do acidente, referindo que “nenhum de nós poderia imaginar o que iria acontecer”.
“Lisboa nunca precisou tanto de liderança como agora. A liderança não se resume a presenças em televisão ou a formalismos institucionais. A liderança exige presença, decisão e coragem nos momentos mais difíceis”, afirmou, num discurso marcado por um tom firme e emocional.
Moedas frisou que esteve no local da tragédia “como principal responsável político” e que, desde o primeiro momento, acompanhou de perto as operações de socorro. “A minha prioridade foi garantir que todos os recursos estavam no terreno e no sítio certo. Reagi de imediato, como exige a responsabilidade política que assumi perante os lisboetas”, disse.
O presidente da Câmara rejeitou as críticas da oposição e condenou a moção de censura apresentada pelo Chega, que foi rejeitada pela maioria da Assembleia Municipal. “Essa moção nada teve a ver com as vítimas nem com o apoio às suas famílias. Serviu apenas interesses partidários e oportunismos”, declarou.
Carlos Moedas salientou que o seu executivo reforçou de forma significativa o investimento na Carris, empresa municipal responsável pelo elevador da Glória. Apresentou dados concretos: o orçamento da Carris atingiu os 188 milhões de euros — “mais 30% do que há quatro anos” — e o investimento total durante este mandato subiu para 156 milhões de euros, um aumento de 64% face ao anterior. O valor dos pagamentos da Câmara à Carris chegou aos 184 milhões de euros, e o investimento em manutenção subiu 30%.
“Este é o resultado de uma aposta clara e responsável na mobilidade da cidade. Assumo esta responsabilidade de forma inequívoca”, reiterou.
No dia da tragédia, Moedas determinou a abertura imediata de uma investigação interna e externa. “Sou o primeiro a querer saber exactamente o que aconteceu. Não é tempo de especulações, mas de factos apurados com rigor. A inspeção diária estava em ordem e a manutenção era regular. Precisamos de respostas claras, não de julgamentos precipitados”, afirmou.
Entre as medidas já tomadas, destacou a suspensão da operação de todos os funiculares da cidade, enquanto decorrem inspeções técnicas exaustivas. Esta decisão visa, segundo o autarca, “restabelecer a confiança e garantir segurança total aos lisboetas”.
Por fim, Moedas anunciou a criação de um memorial coletivo em homenagem às vítimas mortais do acidente e a constituição de uma equipa de missão dedicada ao desenvolvimento de um novo sistema tecnológico para o ascensor da Glória.
“Este é um momento de dor, mas também de responsabilidade. Lisboa precisa de liderança, não de fugas. Por isso, repito: a minha responsabilidade política é governar esta cidade. E é isso que vou continuar a fazer”, concluiu o presidente da Câmara de Lisboa.