O Governo português condenou veementemente o ataque levado a cabo por Israel na capital do Qatar, Doha, classificando a ação como uma violação grave da soberania daquele Estado do Golfo e alertando para o potencial agravamento da instabilidade no Médio Oriente.
Em comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) através da rede social X (antigo Twitter), Portugal reiterou a necessidade urgente de um cessar-fogo imediato e da libertação incondicional dos reféns atualmente detidos pelo Hamas.
“Reforçamos que a prioridade é o cessar-fogo imediato e a libertação dos reféns. A solução de dois Estados é essencial para uma paz estável”, declarou o MNE.
A condenação portuguesa junta-se a uma vaga de críticas por parte de vários Estados europeus, incluindo França, Alemanha, Reino Unido e Espanha, que também se manifestaram contra o bombardeamento israelita, ocorrido na noite de segunda-feira. Segundo fontes oficiais do Qatar e do movimento palestiniano Hamas, o ataque provocou pelo menos seis mortos, entre os quais cinco elementos ligados ao Hamas e um polícia qatari. Várias outras pessoas sofreram ferimentos, incluindo membros das forças de segurança do Qatar.
Entre as vítimas mortais encontram-se o filho de Khalil al-Hajjah — negociador principal do Hamas nas conversações de cessar-fogo — e o seu chefe de gabinete. Três guarda-costas terão igualmente morrido na ofensiva. O Qatar denunciou o ataque como um ato hostil contra o seu território e exigiu explicações formais por parte de Israel.
Fontes israelitas afirmaram que o ataque teve como alvo dirigentes de topo do Hamas envolvidos nas negociações em curso com Israel sobre um possível cessar-fogo na Faixa de Gaza. Telavive justificou a operação como uma resposta direta ao atentado ocorrido no dia anterior em Jerusalém, onde dois palestinianos da Cisjordânia abriram fogo sobre uma paragem de autocarro, matando seis civis israelitas. O ataque foi reivindicado pelas Brigadas al-Qasam, braço armado do Hamas.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, defendeu a ação como uma “resposta legítima ao terrorismo” e reforçou que o Hamas não poderá continuar a operar impunemente, mesmo fora da Faixa de Gaza.
O bombardeamento a Doha ocorreu poucas horas depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Saar, ter anunciado a aceitação por parte de Israel de uma proposta de cessar-fogo mediada pelos Estados Unidos, que incluiria a libertação de todos os reféns israelitas detidos pelo Hamas.
A comunidade internacional teme que o ataque em território qatari possa comprometer de forma irreversível os esforços diplomáticos em curso para travar a guerra na Faixa de Gaza, que já provocou milhares de mortos desde o início do conflito. A posição do Qatar, que tem desempenhado um papel-chave nas negociações de mediação entre Israel e o Hamas, torna-se agora mais delicada, perante um ataque que muitos analistas consideram sem precedentes em território árabe fora de zona de guerra.
Portugal, alinhado com os seus parceiros europeus, apelou à contenção de todas as partes envolvidas e à retoma urgente das vias diplomáticas com vista a alcançar uma solução duradoura baseada no princípio de dois Estados — Israel e Palestina — a viverem lado a lado, em segurança e com reconhecimento mútuo.