Washington (EUA) – A NASA anunciou nesta quarta-feira (10) a descoberta de possíveis vestígios de vida em Marte, em estudo publicado na revista Nature e detalhado em conferência de imprensa pela direção da agência espacial norte-americana. Os indícios foram identificados pelo rover Perseverance, que explora desde 2021 a cratera Jezero, local que abrigou um lago e um sistema fluvial há bilhões de anos
Segundo os cientistas, o veículo detectou matéria orgânica à base de carbono em diversas rochas, incluindo formações com tons esverdeados e manchas descritas como “pele de leopardo”. Esses padrões, de acordo com Nicky Fox, diretora científica da NASA, “podem ter sido criados por formas de vida primitivas”.
A descoberta
As amostras contendo compostos orgânicos permanecem em Marte, armazenadas em cápsulas que o Perseverance depositou na superfície do planeta à espera de uma missão futura de recolha. Uma delas, batizada “Cânion Safira”, é considerada estratégica e poderá ser essencial para confirmar a hipótese de que houve vida no planeta vermelho.
“Este pode ser o vestígio de vida mais claro que vimos em Marte”, afirmou Sean Duffy, administrador interino da NASA, durante a apresentação do estudo.
O geólogo Antonio Molina, do Centro de Astrobiologia de Madrid, ponderou, no entanto, que se trata de sinais indiretos: “Ainda não são evidências diretas. É preciso trazer essas amostras à Terra para comprovação laboratorial”.
Um futuro em dúvida
Apesar da empolgação científica, o futuro da missão de retorno das amostras é incerto. O presidente norte-americano Donald Trump, em seu novo mandato, sinalizou que pretende cortar pela metade o orçamento dos programas científicos da NASA, o que incluiria o projeto de recolha e transporte de material marciano.
Para especialistas, um eventual bloqueio orçamentário pode atrasar em décadas a confirmação sobre a existência de vida passada em Marte.
Significado histórico
Se comprovados, os vestígios detectados pelo Perseverance representarão um marco para a ciência, oferecendo a primeira evidência tangível de que a vida pode não ser exclusiva da Terra. Para muitos pesquisadores, o achado abre espaço para uma nova era na astrobiologia e para a redefinição do lugar da humanidade no cosmos.
Enquanto isso, os pequenos tubos metálicos depositados em Jezero aguardam uma futura missão que poderá responder a uma das maiores perguntas da humanidade: estamos ou já estivemos sozinhos no Universo?
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