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Cérebro tem um botão para “descansar” e apagar más memórias

Investigadores internacionais confirmaram que o cérebro humano dispõe de mecanismos activos para eliminar memórias consideradas irrelevantes, optimizando a capacidade de decisão e protegendo a saúde mental. A descoberta resulta de estudos publicados em revistas científicas de referência e validados por equipas independentes

Segundo os cientistas, o esquecimento não é um simples falhanço da memória, mas um processo biológico essencial. Proteínas específicas, neurotransmissores e a própria formação de novos neurónios no hipocampo contribuem para “apagar” registos que já não são úteis. Esta filtragem evita a sobrecarga de informação e permite ao cérebro concentrar-se no que é mais relevante para a sobrevivência e adaptação.

A dopamina, neurotransmissor associado ao prazer e à motivação, desempenha também um papel no chamado esquecimento transitório. Estudos com modelos animais demonstraram que determinados estímulos podem suprimir temporariamente memórias, ajudando a gerir o excesso de dados recebidos.Entre estes estão, por exemplo, o «Frontiers in Systems Neuroscience», de 2018, por Hardt, Nader e Nadel.

O papel do sono e da reorganização neuronal

Durante o sono, o cérebro consolida memórias importantes e descarta as menos úteis. Esta reorganização neuronal, conhecida como plasticidade sináptica, garante que as ligações mais relevantes se mantêm activas, enquanto outras se enfraquecem ou desaparecem. A neurogénese – criação de novos neurónios – pode igualmente contribuir para a substituição de memórias antigas por informação mais recente e adaptativa.

Os investigadores sublinham que este processo é fundamental para manter a mente clara e funcional. Sem ele, a acumulação de detalhes irrelevantes poderia dificultar a tomada de decisões e a capacidade de prever acontecimentos futuros com base em experiências passadas.

Estas conclusões foram publicadas na prestigiada revista “Nature”, em 2021, por Shuai, Y., B Lu, Y Hu, L. Wang, K. Sun e Y. Zhong,

Implicações terapêuticas e éticas

A compreensão destes mecanismos abre caminho a novas abordagens no tratamento de perturbações como o stress pós-traumático. Ensaios clínicos iniciais testam substâncias capazes de acelerar o esquecimento de memórias traumáticas, embora os especialistas alertem para a necessidade de rigorosos critérios éticos.

A manipulação da memória levanta questões sobre identidade pessoal e bem-estar psicológico. «A possibilidade de apagar memórias deve ser cuidadosamente regulada, para evitar riscos de abuso e preservar a integridade mental», defende um dos autores do estudo.

Para os cientistas, este “botão” natural de descanso mental é uma prova de que o cérebro evoluiu para gerir de forma activa a informação que recebe. Ao esquecer, não perde capacidade — ganha eficiência. A mensagem é clara: esquecer faz parte de viver melhor.

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