Faleceu Manuel Prata Baptista, amplamente conhecido como “Né Prata”, figura incontornável da música e da cultura popular em Castelo Branco. O seu desaparecimento representa uma perda profunda e irreparável para todos quantos reconheciam nele um verdadeiro embaixador da autenticidade, do talento e da entrega à arte musical.
Ícone do rock albicastrense, Né Prata não se limitou ao papel de músico. Foi uma referência, um pilar de memória cultural e um símbolo de resistência artística num panorama em constante mutação. Ao longo de décadas, deixou a sua marca como guitarrista e compositor dos Cometas Negros, banda histórica formada nos anos 60, tida como a mais antiga da cidade ainda recordada em iniciativas dedicadas à preservação da história musical local.
A sua presença não se fazia sentir apenas em cima dos palcos. Conhecido pela sua conversa franca, pelo humor agudo e pelas memórias partilhadas entre amigos e conhecidos, Né Prata era também um cronista do quotidiano. Nos encontros diários pela cidade, falava-se de música, de política, da vida e das memórias do tempo da guerra colonial. E era com um sorriso e uma frase irreverente — “eu até sou anarca” — que muitas dessas conversas terminavam.
O seu legado ultrapassa os limites da música. Através da sua postura simples, da sua generosidade e do seu espírito solidário, conquistou o respeito e a admiração de todos os que com ele privaram. Foi mentor e inspiração para muitos artistas jovens, aos quais transmitiu não apenas conhecimento técnico, mas também valores de humildade, persistência e amor genuíno pela arte.
Com os Cometas Negros, animou bailes, festas populares e eventos culturais por toda a região, marcando gerações com a sua energia contagiante. A dedicação ao grupo e à causa da música local fez dele uma figura sempre presente, sempre disponível, sempre fiel à sua terra.
A notícia da sua partida deixou a comunidade albicastrense em luto. Amigos, familiares, músicos e admiradores unem-se agora na dor da perda, mas também na celebração de uma vida que foi vivida com intensidade, paixão e integridade.
A memória de Né Prata permanecerá viva nos acordes que deixou, nas palavras que partilhou, nas amizades que cultivou e na marca profunda que gravou na alma cultural de Castelo Branco.
ORegiões apresenta sentidas condolências à família enlutada, aos amigos e a todos os que tiveram o privilégio de conhecer Manuel Prata Baptista. Que descanse em paz.
“Né Prata” — a lenda que nunca deixará de ressoar nos acordes do tempo.