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Aldeias com menos de cinquenta habitantes enfrentam risco de extinção nos distritos de Castelo Branco e Guarda

No início de 2025, várias aldeias nos distritos de Castelo Branco e Guarda contam menos de cinquenta habitantes e evidenciam tendência acentuada de abandono. A maioria está no interior profundo, com população envelhecida e serviços públicos reduzidos. Autarquias locais e o Governo avançam este ano com programas de fixação, incentivos à habitação e digitalização para tentar travar o êxodo.

Exemplos concretos no distrito de Castelo Branco

No município de Vila de Rei, Brejo Fundeiro figura entre as aldeias mais vulneráveis: possui cerca de trinta habitantes e muitas casas são usadas apenas sazonalmente. Trata-se de um núcleo inserido numa encosta, afastado de vias principais, o que agrava o isolamento. 

No mesmo distrito, a aldeia de Valbom (freguesia de Almaceda) registou em 2021 apenas quatorze habitantes, tendo sofrido queda persistente desde o censo de 2001, quando contava com cinquenta e quatro pessoas.

Ainda no concelho de Castelo Branco, a pequena localidade de Martim Branco (freguesia de Almaceda) tinha, em 2011, vinte e sete habitantes. Regista fenómenos típicos de interior: migração dos jovens, declínio demográfico e carência de serviços de apoio.

Estes casos revelam que mesmo em concelhos com maior visibilidade numerosos núcleos rurais enfrentam risco elevado de esvaziamento.

Situação no distrito da Guarda e restrições de dados

Em relação ao distrito da Guarda, não foi possível confirmar, através de estatísticas públicas recentes, aldeias nomeadas oficialmente com menos de cinquenta habitantes, no recorte municipal disponível. A categoria “Aldeias do Distrito da Guarda” abrange núcleos como Aldeia Nova (Sandomil), Aldeia do Bispo, Aldeia Velha, entre outros. Mas não há publicações recentes que quantifiquem a população com precisão em cada aldeia desse distrito.

Esse fosso de informação reforça o desafio: muitos núcleos não são objeto de levantamento demográfico específico e são agrupados nas estatísticas das freguesias maiores.

Políticas e iniciativas em curso

A Resolução do Conselho de Ministros n.º 40/2024 inclui o projecto Viver nas Beiras e Serra da Estrela, que pretende promover residências no interior e instalar núcleos-piloto de atracção e adaptação local. Unidades móveis de saúde e redes intermunicipais de serviço visam reforçar apoios públicos em zonas isoladas.

No âmbito da componente florestas do plano Recuperar Portugal, há apoio a “Condomínios de Aldeia” em territórios com risco elevado de incêndio, visando integrar a gestão florestal com melhorias infra-estruturais nas aldeias.

Documentos de planeamento regional propõem políticas integradas que articulem mobilidade, habitação, digitalização e infra-estruturas rurais. Objetiva-se ligar pequenas aldeias a polos intermédios, fortalecendo redes funcionais e serviços descentralizados.

Desafios e perspectivas

Os casos de Brejo Fundeiro, Valbom e Martim Branco demonstram que mesmo em áreas com notoriedade alguns núcleos rurais sofrem risco estrutural de desaparecimento. A ausência de dados demográficos detalhados para aldeias nos distritos da Guarda impede uma cartografia completa do fenómeno.

As políticas anunciadas podem gerar impacto real apenas se forem operacionalizadas com agilidade, financiamento robusto e descentralização administrativa. É imprescindível que câmaras municipais, juntas de freguesia e comunidades locais participem activamente no desenho e implementação.

Embora nem todas as aldeias possam ser salvas, as que combinarem localização relativamente acessível, património bem mantido ou capacidade para atrair residentes poderão beneficiar dessas medidas.

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