O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, alertou esta Sexta-feira, em Kiev, que a Rússia se prepara para atacar outro país europeu. A denúncia surge após novos avistamentos de drones militares russos sobre bases da Dinamarca e da Noruega, aumentando a tensão entre Moscovo e a NATO
Na sua declaração, feita após um encontro com Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, à margem da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, Zelensky sublinhou que Vladimir Putin «não vai esperar para terminar a guerra na Ucrânia» e que «abrirá outra frente, sem que ninguém saiba onde». As declarações foram publicadas pelo jornal britânico The Guardian.
Drones avistados na Dinamarca e na Noruega
Os mais recentes registos de drones ocorreram na Sexta-feira e no Sábado, quando aparelhos não identificados sobrevoaram a base aérea de Karup, a maior da Dinamarca, e a base norueguesa de Orland. As autoridades dos dois países investigam a ligação destes incidentes à Rússia, que tem intensificado incursões no espaço aéreo europeu.
Além destes episódios, Kiev relatou que, no início de Setembro, foram detectados 92 drones a dirigirem-se de forma «coreografada» em direcção à Polónia. A maioria foi interceptada, mas 19 conseguiram penetrar o espaço aéreo polaco, quatro dos quais foram abatidos por Varsóvia. Zelensky explicou que a Ucrânia está pronta para partilhar «experiência prática» na defesa contra ataques aéreos e confirmou a deslocação de representantes de vários países à Ucrânia para receber formação no terreno.
Rússia testa defesas aéreas da NATO
Segundo o presidente ucraniano, os drones e as violações do espaço aéreo visam testar a capacidade europeia de resposta. Nos últimos meses, aviões de guerra russos entraram em espaço aéreo da Estónia, da Roménia e da própria Polónia, o que reforça a percepção de uma escalada planeada por Moscovo.
Zelensky reconheceu que «não se trata de comparar forças» entre países que estão em guerra e os que não estão, mas sublinhou que as incursões russas representam um risco para toda a Europa. Kiev acusa o Kremlin de querer «abrir uma nova frente de combate» e de usar drones como arma de pressão psicológica e táctica.
União Europeia prepara muralha anti-drone
Em resposta à crescente ameaça, a União Europeia (UE) anunciou a criação de uma «parede de drones», um sistema de vigilância e defesa anti-aérea que visa proteger o espaço aéreo europeu contra incursões não autorizadas. A medida foi confirmada pelo comissário europeu de Defesa, Andrius Kubilius, após uma reunião com ministros de dez Estados-membros e representantes da Ucrânia.
Kubilius destacou que a prioridade é «assegurar um sistema eficaz de identificação e capacidade de intercepção», especialmente para os países do leste europeu, mais próximos das fronteiras com a Rússia. Na mesma linha, o ministro do Interior da Alemanha defendeu o reforço das regras para permitir às forças armadas abater drones suspeitos em território nacional.
Reunião da União Europeia em Copenhaga
Os líderes da União Europeia deverão reunir-se na próxima semana, em Copenhaga, para avaliar a escalada de tensões e debater medidas concretas de apoio à Ucrânia. A agenda inclui a coordenação de esforços para reforçar a defesa aérea europeia, tendo em conta os mais recentes episódios de incursões russas.
O aviso de Zelensky reforça os receios de que a guerra ultrapasse as fronteiras da Ucrânia, transformando-se num confronto directo com países da NATO. O clima de tensão crescente entre a Rússia e a Europa alimenta preocupações quanto à estabilidade e segurança do continente.
