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Recreio Autárquico: O Município à Mercê de Brincadeiras de Mau Gosto

Editorial
Fernando Jesus Pires

A governação municipal dos últimos quatro anos, protagonizada pelo executivo socialista liderado por Leopoldo Rodrigues, ficará marcada — e bem marcada — como uma das páginas mais leves, frívolas e desprovidas de substância que se escreveram na história recente da administração local. Não por falta de anúncios, de slogans, de fotografias em eventos ou de palavras feitas. Mas, precisamente, por se ter governado como quem brinca, por se ter gerido como quem experimenta, e por se ter feito política como quem faz teatro infantil — com cenários vistosos, personagens definidas, mas enredo vazio.

O mandato que agora se aproxima do fim foi, na prática, um recreio institucional. Um mandato em que o executivo confundiu funções públicas com atividades lúdicas, e tratou os munícipes como figurantes de uma narrativa encenada a pensar em ciclos eleitorais e não em resultados concretos.

Prometeram inovação educativa. Entregaram improvisação permanente. Prometeram inclusão. Ofereceram manchetes ocas. Prometeram futuro. Entregaram um presente de remendos e adiamentos.

A cidade — que merece ser tratada com visão, respeito e planeamento — foi sujeita a um governo que mais pareceu inspirado por jogos de infância: berlindes na execução, escondidas nas responsabilidades, plasticina nas prioridades.

Obras a meio, promessas recicladas, inaugurações de fachada e decisões tomadas com a profundidade de um jogo de tabuleiro mal jogado. Não é exagero: basta olhar para a rotunda da Europa, asfaltada à pressa, sem passadeiras pintadas, num retrato fiel da governação em modo de “tapa o buraco e tira a foto”.

E, como é habitual em ano de eleições, chegam agora, com o prazo de validade em contagem decrescente, os anúncios milagrosos: mais refeições gratuitas, escolas modernas, programas para o futuro. Quatro anos de silêncio e inércia, seguidos por três meses de hiperatividade eleitoral. Os velhos truques de sempre, embrulhados em novas embalagens. Só não vê quem não quer.

Enquanto isso, os dossiers importantes ficaram por fechar. As decisões estruturais ficaram por tomar. E os albicastrenses ficaram por servir — porque, neste mandato, serviram apenas de audiência.

Brincar também se aprende. Mas brincar com a confiança das pessoas, com os fundos públicos e com o futuro da cidade é, no mínimo, um ato de irresponsabilidade. E a irresponsabilidade política, mesmo quando embalada com papel colorido e frases inspiradas, continua a ser o que sempre foi: irresponsabilidade.

Castelo Branco não precisa de recreios. Precisa de liderança. Precisa de competência. Precisa de políticos adultos, não de eternos candidatos em campanha.

Cabe agora aos cidadãos — com o mesmo discernimento com que rejeitam o facilitismo nas escolas — rejeitarem também o facilitismo na política. O recreio acabou.

Fernando Jesus Pires
Diretor de ORegiões – Jornalismo Independente

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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