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Proença-a-Nova no Centro das Pessoas: Entrevista ao Presidente João Lobo recandidato pelo PS à câmara de Proença-a-Nova

Realizada com João Lobo, Presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, Distrito de Castelo Branco, em final de ciclo e início de novo mandato, se for reeleito pelo Partido Socialista (PS).

ORegiões- Senhor Presidente, ao anunciar que este será o seu último mandato, quais foram as principais conquistas da sua governação que o motivaram a continuar até 2029?

A principal conquista foi sempre a atenção colocada nas pessoas. A centralidade das políticas locais esteve, desde o início, focada no bem-estar das populações. O lema da candidatura resume bem esse compromisso: um rumo certo, construído em conjunto, com as pessoas no centro de tudo.

Enfrentámos desafios demográficos, promovemos condições para a fixação de pessoas, criámos espaços para atrair empresas e garantir trabalho. Um dos pilares estruturais foi, sem dúvida, a educação. Acreditamos que a educação é o primeiro motor de uma sociedade desenvolvida. Assegurámos apoio às crianças, jovens e famílias, para que ninguém ficasse para trás.

Proença-a-Nova destacou-se ainda, no contexto do Portugal 2020, como o município com maior capacidade de investimento e captação de fundos europeus na região centro. Expandimos a área empresarial com a criação da zona Valporco Daniel Lourenço, fomentando a empregabilidade. Estes resultados são fruto de uma estratégia traçada há anos, iniciada com o anterior presidente João Paulo Catarino, e que tive a honra de continuar e consolidar.

ORegiões- Como avalia o impacto das políticas nacionais do PS no desenvolvimento local de Proença-a-Nova, especialmente em matérias como economia rural e combate à desertificação?

Enquanto o PS esteve no governo, existiu um órgão com importância simbólica e prática: a Secretaria de Estado da Valorização do Interior. Era um sinal político claro de que os dois terços do território nacional não seriam esquecidos. Com a sua extinção, tornou-se mais difícil combater assimetrias regionais.

Ainda assim, políticas como o Ministério da Coesão Territorial deram continuidade a medidas fundamentais. Após os incêndios de 2017, as reformas florestais e agrícolas, como os projetos de gestão integrada da paisagem e o emparcelamento agrícola, começaram a dar resposta ao problema estrutural da fragmentação fundiária. Apostámos na criação de riqueza a partir da terra, com escala e gestão partilhada, mantendo a titularidade dos proprietários. Este é um passo decisivo para impedir o abandono da propriedade e fomentar desenvolvimento económico local.

ORegiões- Nos debates recentes com opositores como João Paulo Marrocano (PSD), notou-se alguma indefinição programática. Qual é a linha orientadora da sua estratégia autárquica?

A nossa estratégia tem pilares bem definidos: mais educação, mais ação social e mais saúde. A nível da saúde, as transferências de competências da Administração Central para os municípios permitiram-nos investir nos cuidados primários. Dispomos de unidades móveis de saúde que realizam rastreios com apoio tecnológico e telemedicina, complementadas com a clínica privada local, no âmbito do Cartão Social Municipal — uma ferramenta que proporciona consultas de especialidade programadas a todos os munícipes.

A empregabilidade continua a ser uma prioridade. Criámos um regulamento de apoio a recém-licenciados que integrem empresas locais, fomentando inovação e fixação de talentos. Complementamos este esforço com uma aposta clara na formação profissional, ajustando a oferta dos cursos técnico-profissionais às necessidades concretas do tecido empresarial.

ORegiões- Que propostas concretas apresenta no seu programa para reter talentos e combater o envelhecimento da população?

Existem várias respostas integradas. Por um lado, o apoio a recém-licenciados e a criação de espaços de cowork em articulação com as juntas de freguesia, onde há espaços subaproveitados, permitirão atrair profissionais em regime de teletrabalho — os chamados nómadas digitais.

Simultaneamente, mantemos uma programação cultural contínua, desporto adaptado, e serviços como a bibliomóvel e a unidade móvel de saúde, que respondem às necessidades de uma população envelhecida. Oferecemos também atividades como hidroginástica, ginástica sénior e universidade sénior, promovendo bem-estar físico, cognitivo e emocional. Retardar o envelhecimento ativo é fundamental e é nisso que apostamos.

ORegiões- A Assembleia Municipal reconheceu a sua liderança como promotora de verdadeira democracia. Como pretende garantir a continuidade deste ambiente de transparência e inclusão?

Ao longo dos anos, trabalhámos com base no respeito pela diversidade de opiniões. Promovemos sempre consensos em torno do essencial para o desenvolvimento do concelho, independentemente da cor partidária. A oposição deu contributos valiosos, e a nossa postura tem sido sempre de diálogo e abertura.

Esta forma de estar vai continuar. Estamos disponíveis para acolher ideias, convergir no que for estratégico e manter a democracia viva e funcional. A participação cidadã, o escrutínio e a pluralidade são valores fundamentais da governação autárquica.

ORegiões- Num distrito onde sete autarcas estão impedidos de se recandidatar, como vê o equilíbrio entre renovação política e continuidade de lideranças?

A alternância é saudável e necessária. Defendi a limitação de mandatos, mesmo antes de ser aplicada, porque acredito que a democracia se fortalece com renovação.

No entanto, em Proença-a-Nova, entendo que este ainda não é o momento da mudança. Temos um programa ambicioso e bem sustentado para os próximos anos. A experiência acumulada permite-nos continuar a executar com rigor e visão estratégica, mas reconheço que a renovação deve ser preparada com tempo e responsabilidade.

ORegiões- Qual considera ser o maior desafio que Proença-a-Nova enfrentará nos próximos anos e de que forma a sua experiência o prepara para isso?

O maior desafio será preparar a próxima geração para tempos mais exigentes. As dificuldades vão aumentar — económicas, climáticas, sociais — e é essencial formarmos jovens resilientes, com valores humanistas, espírito crítico e competências ajustadas à realidade.

A educação volta a ser central. Desde a formação de professores até à capacitação dos alunos, temos de garantir que ninguém fica para trás e que todos têm ferramentas para prosperar numa sociedade global, mas enraizada nos seus valores.

Também a integração de migrantes será um desafio a enfrentar com maturidade e inteligência. Precisamos de gente, mas temos de garantir que quem chega se integra nos nossos valores, sem desvirtuar a nossa identidade. Esse equilíbrio será determinante para o futuro do concelho e do país.

Para concluir,
João Lobo assume um último mandato com a mesma determinação que o caracterizou desde 2013. Com uma estratégia orientada para as pessoas, reforça o papel da educação, da coesão social e do desenvolvimento económico como motores de um território que se quer vivo, atrativo e justo. Em Proença-a-Nova, o futuro continua a ser construído com trabalho, inclusão e visão.

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