Israel confirmou hoje ter deportado 137 activistas pró-palestinianos, interceptados ao largo de Gaza, para a Turquia, por meio de voo saído do aeroporto Ramon, em Eilat. A medida agrava as tensões diplomáticas. Informações por confirmar, recolhidas junto de fontes do MNE e do Bloco de Esquerda dizem a oRegiões que é “provável” que Mariana Mortágua e Sofia Aparício estarão neste primeiro grupo
Intercepção, detenções e deportações
O Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita informou em comunicado que “outros 137 provocadores da Frota Hamas-Sumud foram hoje deportados para a Turquia”. Entre os deportados encontram-se cidadãos dos Estados Unidos, Itália, Reino Unido, Suíça, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Argélia, Marrocos, Kuwait, Líbia, Malásia, Mauritânia e Tunísia.
Segundo o mesmo comunicado, Israel procura acelerar a expulsão de todos os participantes que considera provocadores, acusando alguns de obstruírem o processo legal de deportação.
As autoridades turcas confirmaram o recebimento dos 137 activistas em Istambul, após chegada do voo às 12h40, hora local.
Situação incerta dos portugueses
No grupo interceptado integravam-se quatro cidadãos portugueses: Mariana Mortágua, Sofia Aparício, Miguel Duarte e Diogo Chaves. Até ao momento, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal não dispõe de data ou horário para o seu repatriamento.
Em protesto, Catarina Martins, candidata presidencial pelo Bloco de Esquerda, declarou que à embaixadora portuguesa teria sido recusado o acesso aos presos no Sábado em respeito ao Shabat, o dia sagrado judaico: «é uma desculpa que é inaceitável», disse.
Procedimentos legais contestados
A equipa jurídica da Frota Global Sumud em Israel revelou que, entre os mais de 400 detidos, reuniu com 80 participantes antes das audiências judiciais. Foram realizadas cerca de 200 audiências entre quinta-feira e sexta-feira, segundo eles, “sem aviso prévio aos advogados” e “sem a assistência da ONG Adalah”, que lidera a defesa do grupo.
A ONG Adalah afirma que os procedimentos judiciais prosseguem nas prisões de Ktziot, onde estão retidos “centenas de membros da Frota”. Os advogados encontram-se no estabelecimento prisional.
Contexto maior: a Frota Global Sumud
A Frota humanitária Global Sumud agregava mais de quarenta embarcações com centenas de activistas vindos de diversas nacionalidades. Pretendia desafiar o bloqueio naval imposto por Israel à Faixa de Gaza e entregar ajuda humanitária directamente.
Na Quarta-feira, as embarcações foram interceptadas por navios militares israelitas em águas internacionais próximas de Gaza. Muitos activistas foram detidos e transferidos para portos israelitas, com destino posterior à deportação.
Israel alega que a Frota tinha apoio do Hamas e que os navios invadiam zona de combate, argumento usado para justificar a intercepção.
Reacções e consequências diplomáticas
A deportação de 137 activistas para a Turquia será vista como provocação diplomática, especialmente para países com cidadãos no grupo, como Portugal ou Itália. A demora no regresso dos portugueses poderá gerar críticas ao Governo português pela lentidão na actuação consular.
Além disso, a legalidade dos processos judiciais conduzidos sem aviso e sem defesa adequada poderá ser contestada em tribunais internacionais ou organismos de direitos humanos. A situação testa o compromisso de Israel com normas legais e o tratamento de detidos.
Por fim, a decisão de deportar num único voo reflecte a estratégia israelita de agilizar o processo de expulsão, mas poderá gerar repercussões junto a organismos da ONU e à comunidade internacional, especialmente no que concerne a tratados de direitos humanos.
Até ao momento, não foi anunciado qualquer plano de repatriação ao território português nem definidas datas para os quatro activistas portugueses. O Governo português