O Hamas e Israel aceitaram, nesta quinta-feira, um acordo de cessar-fogo que promete pôr fim à guerra na Faixa de Gaza, após meses de confrontos e negociações intensas. A informação foi confirmada por ambas as partes, bem como pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pelo Qatar, um dos principais mediadores
Segundo o The Times of Israel, a libertação dos reféns israelitas deverá ocorrer já neste fim de semana. Israel e o Hamas trocaram listas com os nomes dos prisioneiros e reféns a libertar, num gesto que marca o início da primeira fase do plano de paz delineado pela administração norte-americana.
O plano, negociado com apoio de mediadores do Qatar, Egito, Turquia e dos Estados Unidos, prevê uma série de medidas escalonadas para alcançar um cessar-fogo total e duradouro. De acordo com a proposta de 20 pontos apresentada por Trump, a primeira etapa inclui a troca de 48 reféns — vivos e mortos — por prisioneiros palestinianos, seguida de uma trégua imediata em Gaza.
O Presidente norte-americano, numa publicação na rede Truth Social, descreveu o acordo como “histórico” e “um grande dia para os mundos árabe e muçulmano, para Israel e para os Estados Unidos”. Trump destacou ainda que a assinatura da primeira fase do plano o deixa “muito orgulhoso” e afirmou que Israel começará a retirar as suas tropas da Faixa de Gaza.

O Qatar, que tem desempenhado um papel central como mediador entre as partes desde o início do conflito, confirmou também a assinatura da primeira fase do acordo. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Majed Al-Ansari, afirmou nas redes sociais que o plano visa “pôr fim à guerra, garantir a libertação de reféns israelitas e prisioneiros palestinianos, e permitir a entrada de ajuda humanitária”.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, garantiu que “Israel vai trazer todos os reféns de Gaza para casa”, sublinhando que o Governo se reunirá ainda nesta quinta-feira para discutir os próximos passos.
Do lado palestiniano, o Hamas anunciou que o acordo prevê “o fim da guerra em Gaza” e agradeceu os esforços de Qatar, Egito, Turquia e dos Estados Unidos. O grupo islamita também apelou para que Donald Trump assegure a implementação integral do plano e a retirada total das tropas israelitas da Faixa de Gaza.
Nas redes sociais, imagens de abraços entre mediadores e um raro aperto de mão entre representantes do Qatar e da equipa israelita simbolizaram o alívio e a esperança após meses de confrontos e negociações tensas.
O cessar-fogo agora alcançado encerra — pelo menos temporariamente — um dos capítulos mais violentos do conflito israelo-palestiniano das últimas décadas. Desde o ataque surpresa do Hamas a Israel, em outubro de 2023, e a subsequente ofensiva israelita sobre Gaza, o número de mortos ultrapassou dezenas de milhares, com vastas áreas do território palestiniano reduzidas a escombros.
Os esforços de mediação intensificaram-se ao longo de 2024, com sucessivas tentativas de trégua fracassadas. O envolvimento direto de Donald Trump, que regressou à Casa Branca em 2025, alterou o panorama diplomático e acelerou a conclusão de um acordo viável, embora ainda envolto em desconfiança mútua.
Apesar do otimismo manifestado pelos mediadores, especialistas alertam que a implementação do plano será complexa. Entre os pontos mais sensíveis está a criação de um governo de transição em Gaza, que seria supervisionado por Donald Trump e pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. A proposta também abre a possibilidade de futuras negociações sobre a formação de um Estado palestiniano — uma questão que continua a dividir profundamente a sociedade israelita e a sua liderança política.
Ainda que o acordo represente uma vitória diplomática para Trump e uma pausa humanitária importante para os civis de Gaza, a paz duradoura dependerá da capacidade das partes de cumprirem integralmente as condições e de evitar novos episódios de violência.
Se confirmada e implementada, a trégua poderá redefinir as dinâmicas políticas no Médio Oriente, encerrando um ciclo de guerra que devastou Gaza e deixou marcas profundas em toda a região.