Primeiro-ministro israelita fala em “vitórias imensas”, mas alerta para desafios de segurança enquanto cessar-fogo se mantém e cimeira internacional se prepara para debater o futuro de Gaza
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou este domingo que o país enfrenta “grandes desafios” em matéria de segurança e advertiu que “a luta ainda não terminou”, apesar dos recentes avanços no terreno e da libertação iminente de reféns israelitas pelo grupo Hamas.
Em declaração à nação, citada por várias agências internacionais, Netanyahu destacou “vitórias imensas, que surpreenderam o mundo inteiro”, mas sublinhou que o conflito “ainda não chegou ao fim”. O discurso ocorre na véspera da entrega prevista de 48 reféns — ou dos seus restos mortais — ainda detidos na Faixa de Gaza, e um dia antes da realização de uma “cimeira de paz” em Sharm el-Sheikh, no Egito.
Segundo o líder israelita, o regresso dos reféns é “um acontecimento histórico que mistura tristeza e alegria — tristeza pela libertação dos assassinos e alegria pelo regresso dos reféns”. O Hamas comprometeu-se a iniciar a libertação na manhã de segunda-feira, num processo mediado por Washington e o Cairo.
A cimeira internacional sobre o futuro do território palestiniano contará com dezenas de chefes de Estado e de Governo árabes, islâmicos, europeus e asiáticos, e será copresidida pelo presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, e pelo presidente norte-americano, Donald Trump. Nem Israel nem o Hamas participarão no encontro.
Os desenvolvimentos seguem-se ao acordo de cessar-fogo que entrou em vigor na sexta-feira, baseado num plano de 20 pontos apresentado pelos Estados Unidos, com o objetivo de pôr termo à guerra desencadeada em 7 de outubro de 2023, após o ataque do Hamas ao sul de Israel.
Nos termos do acordo, até segunda-feira às 09h00 TMG (10h00 em Lisboa), deverão ser entregues a Israel 48 reféns ou os seus corpos, dos quais 20 se acredita estarem vivos. Em contrapartida, Israel libertará 250 palestinianos detidos por razões de segurança, incluindo vários condenados por atentados mortais, e 1.700 palestinianos detidos em Gaza desde o início do conflito.
Nas primeiras horas do cessar-fogo, centenas de milhares de deslocados palestinianos começaram a regressar ao norte da Faixa de Gaza, área fortemente atingida pela ofensiva israelita. Segundo a Defesa Civil palestiniana, cerca de 500 mil pessoas regressaram até sábado.
Durante a noite de sábado para domingo, dezenas de camiões com alimentos, combustível e medicamentos aguardavam no posto fronteiriço de Rafah, no Egito, autorização para entrar no território.