As eleições autárquicas de 2025 deixaram, em Castelo Branco, um resultado político que deve ser analisado com frieza, seriedade e sentido de responsabilidade democrática. O Partido Socialista voltou a vencer, mas perdeu a capacidade de governar sozinho. O executivo municipal apresenta agora uma distribuição equitativa de forças: três vereadores do PS, três da coligação PSD/CDS-PP (Sempre por Todos) e um vereador da Iniciativa Liberal, que passa a ser o eixo central de qualquer decisão relevante.
Este novo equilíbrio exige maturidade política e um compromisso firme com o bem comum. A pluralidade de forças não deve ser vista como um obstáculo, mas como uma oportunidade de corrigir práticas do passado. Contudo, a experiência diz-nos que, quando não existe uma visão clara e uma liderança competente, a divisão transforma-se rapidamente em paralisia.
É neste ponto que reside a maior preocupação deste jornal. O anterior mandato de Leopoldo Rodrigues foi marcado por promessas não concretizadas, anúncios sucessivos de projectos que nunca saíram do papel e uma gestão municipal focada mais na comunicação do que na transformação efetiva do concelho. A cidade estagnou. Perdeu população, investimento e protagonismo na região. As respostas ficaram por dar e os problemas acumulam-se.
Castelo Branco não pode continuar a viver da aparência nem da gestão do imediato. A política do improviso, do compadrio e das redes de influência está esgotada. Não serve os cidadãos, não atrai talento, não mobiliza investimento, não projeta futuro.
A recondução de Leopoldo Rodrigues à presidência, sem maioria absoluta, é um sinal claro de que a confiança da população está em declínio. E se a tendência se mantiver, não será apenas um alerta — será um ponto de rutura. O recurso, mais uma vez, à figura de Joaquim Morão como salvador de última hora, confirma a dificuldade do PS em renovar-se e em apresentar uma liderança sólida, autónoma e preparada para os desafios contemporâneos da governação local.
A partir deste momento, o papel da Iniciativa Liberal será determinante. O vereador eleito tem nas mãos a possibilidade de influenciar o rumo da cidade — e com isso carrega uma enorme responsabilidade. Espera-se, por parte deste novo protagonista, uma postura de exigência, de independência e de compromisso com os interesses da população, e não com jogos partidários.
A nossa função enquanto jornal no foco regional é clara: acompanhar, escrutinar, informar e alertar. É por isso que, neste editorial, deixamos uma mensagem inequívoca: não há mais espaço para mandatos vazios. A cidade não aguenta mais quatro anos de estagnação. Chegou o tempo de governar com verdade, com responsabilidade e com visão estratégica.
Os eleitos têm agora a palavra — e, mais do que isso, têm o dever de demonstrar que estão à altura da confiança (ainda que parcial) que lhes foi concedida. Que a política local se reencontre com a seriedade. Que se governe para as pessoas, e não para os partidos. E que Castelo Branco volte a merecer esperança.