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António Costa: “Rearmar a Europa é uma necessidade, não um luxo — e não exige sacrificar o Estado social”

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, defendeu que a Europa deve reforçar significativamente as suas capacidades de defesa, sem abdicar do Estado social que caracteriza o modelo europeu. Intervindo no congresso dos socialistas europeus, em Amesterdão, o antigo primeiro-ministro português afirmou que “a paz sem defesa é uma ilusão” e rejeitou a dicotomia entre segurança e bem-estar social promovida por setores da direita europeia.

“Desde a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, tornou-se evidente que a paz sem uma defesa robusta não passa de uma fantasia perigosa”, declarou Costa perante os principais líderes socialistas do continente. Sublinhou que apoiar a Ucrânia continua a ser essencial, mas que já não basta. “Devemos fazer mais pela defesa da Europa. O rearmamento europeu não é um luxo. É uma necessidade.”

Num tom firme, António Costa criticou os argumentos que colocam em oposição os investimentos na defesa e a manutenção do Estado social. “É um erro grave e perigoso sugerir que a Europa tem de escolher entre proteger os seus cidadãos com tanques ou com cuidados de saúde. A defesa existe precisamente para salvaguardar a nossa liberdade, a nossa democracia e o nosso modo de vida, que inclui o nosso modelo social europeu.”
A mensagem de Costa surge num momento em que a União Europeia dá passos concretos no reforço da sua autonomia estratégica. Na quinta-feira, os Estados-membros e o Parlamento Europeu chegaram a acordo para lançar o Programa Europeu da Indústria de Defesa (EDIP), com um orçamento de 1,5 mil milhões de euros entre 2025 e 2027. A iniciativa visa impulsionar a indústria de defesa europeia, reduzir dependências externas e assegurar maior prontidão militar.

No mesmo dia, a Comissão Europeia revelou um plano ambicioso para garantir que a UE atinja total prontidão militar até 2030. Entre as medidas propostas, destaca-se a criação de um “muro antidrones” a ser instalado na fronteira oriental da União, com operacionalização prevista até ao final de 2027.

Apesar do foco no rearmamento, António Costa fez questão de sublinhar que a segurança da Europa não depende exclusivamente de meios militares. “A nossa segurança assenta também na força dos nossos laços internacionais. Depende da nossa capacidade de promover o multilateralismo, de respeitar e defender o direito internacional, de construir amizades globais através do comércio justo e da ajuda ao desenvolvimento.”

A intervenção do presidente do Conselho Europeu reforça a visão de uma Europa mais autónoma, capaz de se defender sem renunciar aos valores sociais e democráticos que a definem. Para Costa, a resposta europeia aos desafios globais deve combinar força estratégica com diplomacia ativa e compromisso com a justiça social.

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