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Cultura É Liberdade. E a Beira Baixa Já Esperou Demais

Crónica de Opinião
Por Fernando Jesus Pires, jornalista
Diretor do jornal ORegiões

Chegou o momento de romper com a apatia. A cultura em Portugal, sobretudo no interior, deixou de poder ser tratada como luxo facultativo. Tornou-se uma necessidade vital, comparável ao pão que se leva à mesa. Sem cultura, um povo não sonha, não critica, não evolui — sobrevive apenas. E não é esse o destino que desejamos para o nosso território.

A Beira Baixa, com todo o seu património natural, histórico e humano, está em posição de se tornar referência nacional na criação de uma nova centralidade cultural. Mas para isso é preciso vontade política, visão estratégica e coragem para inverter décadas de esquecimento. A cultura tem de ser entendida como investimento, não como despesa. Como instrumento de desenvolvimento, não como enfeite de calendário.

As recentes eleições autárquicas de 12 de outubro abriram uma janela de mudança. É agora que se decide se a cultura terá um lugar real na agenda ou se continuará a ser tratada como apêndice protocolar. É agora que os autarcas devem provar se estão ao serviço das populações ou apenas de ciclos eleitorais.

Levar cultura ao interior não é apenas promover eventos. É criar condições permanentes para a existência de uma vida cultural ativa, diversa e sustentada. É construir pontes entre artistas e escolas, entre produtores e municípios, entre públicos urbanos e comunidades locais. É dar palco ao jazz, ao teatro, ao cinema, à música popular, ao rock, à literatura e às artes visuais, de forma articulada, descentralizada e contínua.

Não há desculpas. Os impactos são visíveis e mensuráveis: aumenta o turismo de fim de semana, cresce a ocupação no alojamento local, os restaurantes enchem-se, o comércio local respira. E mais do que isso: as pessoas sentem-se parte de algo maior. Ganha o território. Ganha o país.

Mas para que tudo isto aconteça, é fundamental retirar a cultura do ciclo vicioso do partidarismo. A cultura não é arma política — é bem público. A sua função não é servir agendas eleitorais, mas elevar consciências. Nenhuma vila ou cidade pode desenvolver-se sem pensamento, sem crítica, sem arte. E nenhuma população pode sentir-se plena se estiver privada da sua expressão cultural.

A Beira Baixa não pode continuar à margem. Tem talento, tem espaços, tem história e tem gente com vontade. Falta apenas o impulso que transforme esta vontade em realidade. E isso exige decisões firmes, investimentos estruturais e compromissos de longo prazo. Não bastam promessas em véspera de eleições. É preciso ação contínua e sustentada.

Cultura é liberdade.
Cultura é futuro.
E o futuro, se for justo, começa agora.

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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