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Financiamento em inteligência artificial: novo fosso entre Europa e EUA

A Europa enfrenta um défice significativo no investimento em tecnologia de inteligência artificial (IA) em comparação com os Estados Unidos, segundo dados divulgados esta semana. A disparidade preocupa decisores europeus que procuram mitigar esta lacuna.

Durante o terceiro trimestre de 2025, as startups europeias de IA conseguiram captar cerca de 5,2 mil milhões de dólares (aproximadamente 4,5 mil milhões de euros) — mais do dobro do valor registado no mesmo período de 2024. Entretanto, nos EUA, as rondas de investimento ultrapassaram os 45 mil milhões de dólares, representando quase metade do investimento global em capital-venture para IA nesse trimestre. Por conseguinte, mesmo com crescimento europeu, a escala e a velocidade americanas continuam muito superiores.

Principais operações e «mega-rondas»

Na Europa, destacam-se empresas como a francesa Mistral AI, que angariou cerca de 2 000 milhões de dólares com apoio do fabricante holandês ASML. Também no Reino Unido, a startup Nscale arrecadou aproximadamente 1 100 milhões de dólares para centros de dados. Nos Estados Unidos, as iniciativas são de dimensão muito maior: a Anthropic captou cerca de 13 000 milhões de dólares num trimestre, e a xAI — empresa de Elon Musk — obteve mais de 5 200 milhões de dólares. A OpenAI firmou acordos próximos dos 100 000 milhões de dólares com a Nvidia, elevando a sua avaliação para cerca de 500 000 milhões de dólares.

Estes montantes assinalam uma clara vantagem quantitativa dos EUA no ecossistema global de IA.

Ciente da urgência, a Comissão Europeia anunciou recentemente um fundo de 1.000 milhões de euros para fomentar projectos de IA em domínios como finanças, turismo e comércio electrónico. Complementarmente, programas como o Horizon Europe preveem reforçar o acesso à computação de alta performance e duplicar o investimento anual em IA para mais de 3 000 milhões de euros. Além disso, empresas europeias já adoptam geração de IA numa proporção semelhante à dos EUA (trinta e sete por cento versus trinta e seis por cento). Contudo, persistem obstáculos de escala, financiamento em fases avançadas e dependência de tecnologias externas — factores que ameaçam as ambições continentais.

Consequências para Portugal e para o sector tecnológico europeu

Para Portugal, isto traduz-se num alerta: sem captar os grandes fluxos de capital nem liderar em infra-estrutura e talento, o país arrisca-se a ficar numa posição periférica no cluster europeu de IA. Empresas nacionais, startups ou centros de investigação dependem não só de financiamento, mas de integração em cadeias de valor europeias e transatlânticas. A aposta em mega-projectos de centros de dados, chips e infra-estruturas será decisiva. Por conseguinte, a lacuna não é apenas de capital, mas também de escala, capacidade industrial e ecossistema de talento.

Em síntese, embora o investimento europeu em IA apresente crescimento significativo, a disparidade face aos Estados Unidos mantém-se acentuada. A mobilização de fundos, a construção de infra-estrutura e a retenção de talento são elementos-chave para reduzir esse défice — uma tarefa urgente, se a Europa pretende assumir um papel de protagonismo global.

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