O candidato às eleições presidenciais António Filipe classificou hoje os cartazes da candidatura de André Ventura, líder do Chega, como provocações que envergonham Portugal. Em declarações à Lusa, na ilha Terceira, o candidato apoiado pelo PCP afirmou que atitudes deste tipo revelam conceções reacionárias, xenófobas e racistas, incompatíveis com a candidatura à Presidência da República

“São provocações. Alguém que deseja ser Presidente da República não pode adotar comportamentos que não só envergonham o país a nível nacional, como também arriscam causar constrangimentos internacionais”, sublinhou António Filipe.
O candidato iniciou hoje uma visita de dois dias aos Açores, onde participou num jantar-conferência organizado pela Câmara de Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo. Durante a estadia, António Filipe terá encontros com diversas entidades na ilha de São Miguel e discutirá questões regionais e de desenvolvimento insular.
À saída de uma reunião com o representante da República para os Açores, Pedro Catarino, António Filipe considerou os cartazes de André Ventura, que incluem frases como “Isto não é o Bangladesh” e “Os ciganos têm de cumprir a lei”, como inconstitucionais e destinadas apenas a gerar atenção mediática. “Não podemos cair nessas provocações. A minha resposta será de mais desprezo do que de atenção”, frisou.
Oito associações ciganas anunciaram já que vão apresentar queixa no Ministério Público e ponderam avançar com uma providência cautelar para a remoção dos cartazes. Sobre a possível intervenção do Ministério Público, António Filipe limitou-se a sublinhar a separação de poderes e a confiança de que a instituição atuará de acordo com a lei.
O candidato reforçou ainda que pretende ser “um Presidente da República determinado em fazer cumprir a Constituição na sua plenitude”, incluindo os direitos dos cidadãos que, segundo ele, estão ainda longe de serem integralmente garantidos. “Há uma grande insatisfação entre as pessoas quando confrontam a vida que levam com os direitos que a Constituição lhes atribui”, acrescentou.
Em relação à autonomia dos Açores, António Filipe destacou que a região, uma das mais pobres do país, exige atenção especial da República e políticas que reconheçam os desafios da insularidade. Considerou que a autonomia regional é uma conquista da democracia portuguesa e que os passos dados na revisão constitucional de 2004 foram positivos, defendendo que não se justifica uma nova revisão neste momento.
O candidato mostrou-se igualmente contra a extinção do cargo de representante da República nos Açores, defendendo que a figura é adequada e que a solução consensual alcançada em 2004 continua a ser apropriada para a região.








