Sábado,Agosto 23, 2025
15.9 C
Castelo Branco

- Publicidade -

A arte de Hugo Soares coordenar o nada

Hugo Soares, que só diz disparates, enormidades e blasfémias, conseguiu a proeza de ser o maestro da bancada do PPD, como se uma orquestra de surdos precisasse de batuta. Nos últimos dias, vá lá saber-se por quê, os jornalistas decidiram perguntar-lhe sobre incêndios, esse tema delicado que exige alguma ciência, ou pelo menos uma centelha de bom-senso.

É o mesmo que pedir a um talhante para afinar um Rolex de 1954: no fim teremos bifes com ponteiros e um mostrador recheado de gordura. O resultado foi previsível: a primeira faísca que lhe escapou do cérebro reptiliano deu para incendiar o ridículo nacional.

O Governo coordenador de ausências

No seu lampejo de génio, Hugo Soares declarou que «o actual Governo, que optou por uma intervenção com recato, mas com muita proximidade, não deixou de coordenar aquilo que acontece em Portugal». Trata-se de uma frase digna de ser inscrita na Antologia Universal das Palavras Vazias, ao lado de clássicos como Tratado das Bananas que Brilham no Escuro, de Jerónimo da Branca Neve. É verdade que o Governo coordenou, com grande proximidade, tudo o que não existe: falta de meios, falta de comando, falta de treino, falta de cadeias de comando, falta de aplicação do relatório de 2017 — uma espécie de Bíblia esquecida no porta-luvas de um carro ardido. Uma governação que só falha no detalhe irritante de funcionar.

Voluntários, esses ingratos profissionais do risco

E como quem já se acha doutor em lógica invertida, Hugo Soares resolveu acrescentar que alimentar e hidratar bombeiros voluntários não era problema do Governo. Se são voluntários, que se alimentem a si mesmos, que levem a marmita e bebam das poças de água já mornas nas encostas queimadas. Afinal, ninguém os mandou para ali — só o civismo, esse erro crasso que devia ter sido banido da Constituição. A sua declaração merecia ser bordada em pano de cozinha: «Quem é voluntário, que morra à fome». Uma obra-prima para ficar pendurada entre a colher de pau e o extintor vazio.

Eucaliptos, ervas daninhas e outros chefes

Não sei se vamos a tempo, mas Hugo Soares parece assim… uma erva daninha no meio do eucaliptal, espécie invasora que cresce sem pedir licença e só serve para arder com mais entusiasmo. A sua presença política é a prova de que o Darwinismo também gosta de férias, pois só assim se explica que alguém tão especializado em dizer o contrário do que convém consiga sobreviver à poda natural do ridículo. É o tipo de erva que sobrevive a herbicidas, ao fogo e à vergonha, alimentando-se apenas de aplausos da própria bancada.

Em lume brando

No fim, resta a certeza de que Hugo Soares não falha uma — falha todas. Fá-lo com tanta convicção que quase parece um génio encenado para nos lembrar que o Sistema, afinal, não precisa de inimigos: basta-lhe os porta-vozes. Se o Governo coordena a ausência e os deputados elogiam o vazio, estamos em boas mãos, desde que as ditas mãos não segurem fósforos. Que dia luminoso!

- Publicidade -

Não perca esta e outras novidades! Subscreva a nossa newsletter e receba as notícias mais importantes da semana, nacionais e internacionais, diretamente no seu email. Fique sempre informado!

Partilhe nas redes sociais:
Joao Vasco Almeida
Joao Vasco Almeida
Editor Executivo. Jornalista 2554, autor de obras de ficção e humor, radialista, compositor, ‘blogger’,' vlogger' e produtor. Agricultor devido às sobreirinhas.

Destaques

- Publicidade -

Artigos do autor

Não está autorizado a replicar o conteúdo deste site.