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A Descaracterização Nacional: O Futuro de Portugal em Mãos Estrangeiras

Portugal enfrenta hoje um desafio demográfico sem precedentes. A natalidade em queda livre, um número crescente de mortes e o esvaziamento de uma identidade nacional são os rostos visíveis de uma crise que se agrava silenciosamente.

“Nunca nasceram tão poucos portugueses. E nunca morreram tantos cidadãos nacionais.” Estas palavras não são meras estatísticas, são um retrato de uma realidade que se impõe, cruel e implacável. Se hoje, em Sintra, Amadora e Odivelas, os bebés de mães estrangeiras já são maioritários, o que nos resta perguntar é: quem, afinal, são os portugueses?

A política de imigração e a crescente presença de comunidades estrangeiras, sobretudo de mães brasileiras e africanas, têm contribuído para uma transformação demográfica que, em muitos casos, é vista com olhos de desconforto por aqueles que ainda se identificam com a tradição e a cultura nacional.

Mas, ao contrário do que se poderia pensar, a questão não reside nas nacionalidades ou nas origens, mas na incapacidade do Estado em dar condições reais às famílias portuguesas para que possam ter filhos, sustentar a sua vida e garantir o seu futuro. O vazio criado por uma sociedade cada vez mais focado na individualidade e no consumo resulta imediatamente num desinteresse generalizado pela construção de um país com futuro, com raízes.

Portugal está a ser reconfigurado de uma forma que poucos desejam assumir. O povo português está a desaparecer, pouco, a pouco, e quem realmente se importa com o que resta da nossa identidade e do nosso futuro? O que está sendo feito para inverter a tendência?

Se não houver uma mudança radical de rumo, se o poder político não compreender que a sobrevivência de uma nação não se baseia apenas na economia, mas também na sua capacidade de perpetuar a sua identidade e cultura através das gerações, corremos o risco de ver, um dia, um país sem portugueses.

Em janeiro de 2024, mais mortes do que no ano inteiro de 2023 já foram registadas, um fenómeno que ninguém parece querer explicar. A esta velocidade, em pouco tempo, o país verá mais mortos do que nascimentos.

A tendência é clara, mas o que não é claro é o que, afinal, a classe política está a fazer para inverter a situação. Se a extinção dos portugueses não é o objetivo declarado, o que estamos a fazer para evitar que ela se torne uma realidade?

A verdade é que, em vez de se debaterem soluções concretas para reverter o processo de decadência demográfica, os nossos governantes preferem continuar a empurrar com a barriga, em busca de um consenso que nunca chega e de um discurso que, no fundo, não resolve nada.

A política portuguesa tem sido incapaz de abraçar a gravidade da situação e, como é típica em tempos de crise, prefere manter-se imersa em retóricas vazias e soluções paliativas, que não fazem mais do que disfarçar a verdadeira profundidade do problema. Em vez de enfrentar a realidade com coragem e tomar decisões difíceis, os políticos escolhem adiar o previsto, perpetuando um ciclo de indecisão e procrastinação que apenas agrava a crise demográfica.

Seria necessário que o próximo Presidente da República, a próxima maioria governamental, a próxima geração de líderes portugueses, tivesse a coragem de enfrentar a dura realidade: Portugal não será um país próspero se continuar a ignorar a questão da sua própria sobrevivência. Sem uma verdadeira revolução nas políticas de apoio à natalidade, sem uma mudança radical na forma como olhamos para a família, o futuro de Portugal não será mais que uma sombra de um passado glorioso, uma memória distante do que um dia fomos.

Os jovens portugueses, cada vez mais desiludidos com o estado das coisas, veem-se obrigados a emigrar, a procurar uma vida em que o projecto familiar não seja apenas uma utopia. O que se espera de quem nos lidera? Propostas reais, pragmáticas e eficazes. O próximo Presidente da República deverá, de facto, entender que a inversão do inverno demográfico é mais urgente do que qualquer questão superficial que distraia os cidadãos do essencial. Ou então, e aqui reside uma grande interrogação, será a extinção dos portugueses algo que, de facto, está na agenda?

Com mais demografia estrangeira e menos população nacional, a questão não é apenas sobre números. É sobre o que somos e o que seremos enquanto país. E, como em toda a boa política sátira, é difícil não questionar: será que não nos condenaremos a um futuro onde ser português será, talvez, uma raridade — e não é uma conquista?

A pergunta, que à primeira vista pode subir a exagero, começa a ganhar contornos cada vez mais realistas à medida que os dados demográficos se tornam mais alarmantes.

Afinal, quando a população portuguesa encolhe a um ritmo acelerado, enquanto a origem estrangeira cresce, o que está verdadeiramente em jogo não são apenas os números na folha de cálculo do INE, mas a própria essência da nossa identidade como nação.

Será que, dentro de poucas gerações, o ser português será algo como um “remanescente”, uma espécie de espécime raro num zoológico multicultural? O que nos torna portugueses, afinal? A língua, a história, as tradições, a nossa cultura secular — tudo isso está a ser diluído e, em muitos casos, nem sequer foi discutido com a seriedade que merece.

Em vez disso, a classe política, entretida com outras questões de menor dimensão, parece não perceber que a identidade nacional não é um artigo de luxo que se possa abandonar sem consequências. Não se trata apenas de números, de impostos de natalidade ou de imigração. deixe de ser. A nossa história, a nossa língua, as nossas tradições — tudo isso está a ser progressivamente substituído por uma narrativa globalizante que, em vez de enriquecer a nossa cultura, a dilui, tornando-a irreconhecível.

O que está em jogo não é apenas uma composição demográfica de um país, mas a própria definição de quem somos enquanto povo. Se as nossas gerações futuras não forem portuguesas, se as nossas raízes culturais não forem alimentadas e preservadas, o que sobrará para os filhos e netos dos portugueses de hoje? Serão eles portadores de uma identidade fluida, sem nacionalidades definidas, sem um vínculo profissional.

Esse é o dilema que poucos enfrentarão. O que nos torna portugueses não é apenas o território, mas uma conexão emocional e histórica com ele. Essa relação, construída ao longo de séculos, tem sido gradual, mas agora está ameaçada pela crescente homogeneização de culturas e pelas substituições demográficas que estamos a presenciar.

A cada dia, o número de portugueses é diminuído, em algumas regiões do país, os novos nascimentos têm mais a ver com a migração de outros povos do que com o renascimento da nossa própria população. E, quando isso acontece, não se trata apenas de uma questão de número, mas de essência: quem seremos nós enquanto país, quando o nosso ADN cultural estiver diluído numa sopa multirracial e multicultural, onde os portugueses representam uma minoria?

Por outro lado, quando olhamos para a crescente diversidade étnica e cultural do país, não podemos deixar de questionar: até que ponto estamos a integrar essas novas realidades sem perder de vista aquilo que nos define enquanto povo? O que acontece se, em vez de sermos uma nação plural que respeita as diferenças, nos tornaremos uma nação sem raízes.

A verdadeira reflexão aqui não é sobre ser contra a imigração ou contra as diferentes culturas que agora fazem parte do nosso país, mas sobre o que estamos a fazer para garantir que as futuras gerações se identifiquem com a história e os valores que formaram Portugal. O risco que corremos é o de assistir, sem grande resistência, à extensão de um modelo de sociedade que se construiu com base na nossa língua, na nossa cultura, nas nossas instituições. E a grande ironia é que, quando as futuras gerações olharem para trás, talvez se perguntem: quem éramos, realmente?

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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