O Bloco de Esquerda (BE) dos Açores exigiu esta sexta-feira, 3 de janeiro de 2025, ao Governo Regional uma explicação sobre um alegado “desvio” de 23,7 milhões de euros nas contas do Hospital Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, que, segundo o partido, é um reflexo do crescente “sufoco financeiro” na área da saúde
Em comunicado, o BE recorda que, em setembro de 2024, a secretária da Saúde do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) anunciou um resultado financeiro positivo para o HDES, que teria fechado o terceiro trimestre do ano com um saldo de 11,8 milhões de euros. Contudo, os dados financeiros mais recentes e agora divulgados pela entidade revelam uma realidade distinta, com um resultado negativo de 11,9 milhões de euros, ou seja, um desvio de 23,7 milhões de euros face à estimativa oficial.
O BE sublinha que este desvio nas contas do HDES “desmente os dados inicialmente apresentados pela secretária da Saúde” e pede explicações detalhadas ao Governo Regional sobre a situação. Além disso, o partido alerta para a difícil situação financeira que afeta não só o hospital de Ponta Delgada, mas também o hospital da Horta, no Faial, que registou um prejuízo de 2,4 milhões de euros. Apenas o Hospital da Terceira, na ilha Terceira, apresentou resultados positivos, que, segundo o BE, são consequência de um reforço das transferências do Governo Regional para as unidades hospitalares.
O Bloco de Esquerda também denuncia o “sufoco financeiro” no setor da saúde, que, segundo o partido, se traduz em elevados níveis de endividamento, tanto a fornecedores como a trabalhadores da saúde. A dívida aos fornecedores manteve-se inalterada ao longo de 2024, apesar da conversão da dívida comercial em dívida financeira, e atingiu quase 150 milhões de euros nos hospitais apenas até setembro de 2024. O BE critica ainda a postura do Governo Regional, que “teima em não regularizar as dívidas aos trabalhadores da saúde”, agravando ainda mais a situação.
O Hospital Divino Espírito Santo foi também afetado por um incêndio no dia 4 de maio de 2024, que forçou a transferência de todos os doentes internados para outras unidades de saúde, incluindo para o exterior da região. Por último, o partido menciona uma auditoria do Tribunal de Contas, revelada no final de dezembro de 2024, que revelou que o HDES excedeu em 91,6 milhões de euros os seus fundos disponíveis, o que constitui uma violação das normas de execução orçamental.