O cidadão afegão que, em janeiro deste ano, matou um menino de dois anos e um homem de 41 num parque em Aschaffenburg, no sul da Alemanha, vai ser internado de forma permanente num hospital psiquiátrico. A decisão foi anunciada esta quinta-feira pelo Tribunal Regional Superior da cidade, duas semanas após o início do julgamento.
A porta-voz do tribunal, Felicitas Behütuns, confirmou que tanto a acusação como a defesa concordaram com a medida, considerando que o autor do ataque representa um perigo contínuo para a sociedade. O tribunal concluiu que o homem, de 28 anos, sofre de esquizofrenia paranoide e que a sua condição mental o torna incapaz de responder penalmente pelos crimes cometidos.
O ataque, ocorrido a 25 de janeiro, teve como alvo um grupo de crianças de um jardim-de-infância que passeava pelo parque. O agressor utilizou uma faca de cozinha para atacar indiscriminadamente, matando um menino marroquino de dois anos e um alemão de 41 que tentou intervir. Uma menina síria da mesma idade e um homem de 73 anos ficaram gravemente feridos.
O episódio provocou uma onda de choque em todo o país e alterou o rumo da campanha para as eleições legislativas de fevereiro, ao reacender o debate sobre a imigração e a segurança pública.
De acordo com a rádio regional Bayerischer Rundfunk, a acusação sustentou que o afegão não agiu por motivações extremistas, mas num surto psicótico. O procurador afirmou que o homem permanece perigoso devido à sua doença mental, à dependência de drogas e ao profundo isolamento social em que vivia.
Durante o julgamento, o advogado de defesa, nomeado pelo tribunal, admitiu ser “altamente improvável” que o seu cliente volte a ter liberdade, uma vez que as hipóteses de recuperação são “mínimas”. No início do processo, o acusado afirmou que estava “possuído por um demónio” no momento do ataque.
Um perito psiquiátrico confirmou que o homem sofre de esquizofrenia paranoide e alertou para uma “probabilidade muito elevada” de reincidência em comportamentos violentos caso fosse libertado.
As investigações revelaram que o agressor já tinha um historial de violência. Desde a sua chegada à Alemanha, em 2022, como requerente de asilo, fora investigado mais de vinte vezes por diversos delitos, incluindo ameaças a mulheres refugiadas no centro onde residia. Tinha sido internado em instituições psiquiátricas por três vezes e, no momento do crime, deveria estar detido por não ter pago várias multas. A prisão acabou adiada devido a falhas administrativas.
O caso tornou-se um símbolo das falhas do sistema de acompanhamento de requerentes de asilo com problemas mentais e suscitou duras críticas às autoridades alemãs.
Com a decisão agora conhecida, o homem permanecerá internado num hospital psiquiátrico de segurança máxima por tempo indeterminado, sob vigilância permanente e sem perspetiva de libertação.








