A Agência Espacial Europeia (ESA) anunciou que a crise dos foguetões, caracterizada por vários retrocessos no programa do Ariane 6 e incidentes técnicos no Vega C, está finalmente ultrapassada. O diretor-geral da ESA, Josef Aschbacher, revelou, durante uma conferência de imprensa realizada em Paris, que o programa espacial europeu está de volta aos trilhos, com 10 lançamentos agendados para 2025.
O Ariane 6, um dos principais lançadores da Europa, terá o seu voo inaugural previsto para julho de 2024, com o primeiro lançamento comercial marcado para fevereiro de 2025. A versão 64 do Ariane 6, que tem capacidade para transportar até 20 toneladas para órbita baixa e 11 toneladas para órbita geoestacionária, terá um total de seis lançamentos programados para este ano.
Em relação ao foguete Vega-C, que é capaz de colocar cargas de até 2,2 toneladas em órbita polar, está agendado um total de quatro lançamentos para 2025. Este retorno operacional do Vega-C vem após dois anos de interrupção devido ao fracasso do seu primeiro lançamento. A retomada das operações foi considerada um sucesso em dezembro de 2024.
Josef Aschbacher sublinhou que, uma vez que a cadência dos lançamentos do Ariane 6 e do Vega-C seja totalmente operacional, a ESA espera realizar cerca de nove lançamentos anuais do Ariane 6 e cinco do Vega-C. “É disso que a Europa precisa”, afirmou o diretor-geral, reforçando a importância do sucesso desses programas para o futuro do setor espacial europeu.
Além dos lançamentos europeus, os foguetões da ESA têm também contratos para colocar satélites de outras potências, como os Estados Unidos. Um exemplo é a constelação Creeper, destinada à Amazon, que será lançada pelos foguetões europeus.
Ainda com os olhos postos no futuro, Aschbacher revelou que a ESA está a trabalhar no desenvolvimento de um foguete reutilizável, semelhante ao modelo da SpaceX. Para tal, será lançado um concurso em breve para definir a próxima geração de lançadores que substituirão o Ariane 6 e o Vega C. Embora o horizonte para a implementação deste novo foguete ainda não esteja claramente definido, a ESA considera que a evolução da sua frota de lançadores será crucial para manter a competitividade do setor espacial europeu.
Por último, o diretor-geral da ESA fez questão de destacar a modéstia do orçamento da agência, que representa apenas 11% dos gastos globais no espaço, uma percentagem significativamente inferior à dos Estados Unidos (64%) e da China (12%). No entanto, apesar das limitações financeiras, Aschbacher manifestou otimismo quanto à capacidade da Europa em enfrentar os desafios do setor e consolidar a sua posição como um jogador relevante no espaço.
A recuperação do programa espacial europeu representa uma grande conquista para a ESA, que se prepara para enfrentar os desafios dos próximos anos com um plano de lançamentos ambicioso e com novos desenvolvimentos tecnológicos.