Ajuda humanitária recua após ataque em Rafah: Israel bombardeia, Egito suspende entrada de camiões com mantimentos
Vários camiões carregados com alimentos, material médico e produtos de higiene regressaram ontem ao Egito, depois de Israel ter levado a cabo um bombardeamento na zona de Rafah, no sul da Faixa de Gaza. A informação foi avançada pelo Crescente Vermelho Egípcio, que confirmou a suspensão temporária da entrada de ajuda humanitária no enclave palestiniano.
“Um grande número de camiões regressou”, referiu uma fonte da organização à agência noticiosa espanhola EFE, sem especificar quantos veículos voltaram ao território egípcio. O recuo aconteceu poucas horas depois de um comboio com cerca de 200 camiões ter iniciado o percurso em direção às passagens de Kerem Shalom e de Al-Auja — ambas sob controlo israelita — onde seriam submetidos a inspeção antes da entrada em Gaza.
A passagem de Rafah, a única que liga diretamente o Egito à Faixa de Gaza sem controlo israelita, permanece encerrada. Fontes locais confirmaram que, após o ataque israelita, a entrada dos camiões foi suspensa por razões de segurança.
De acordo com declarações do exército israelita, o bombardeamento visou militantes palestinianos na zona de Rafah, em resposta ao lançamento de um míssil antitanque e a disparos dirigidos contra tropas israelitas estacionadas nas imediações da fronteira.
Uma fonte egípcia presente na fronteira de Rafah confirmou à EFE que a passagem permanecerá fechada durante o dia de hoje, sublinhando que Israel mantém o encerramento do lado de Gaza.
No sábado, a embaixada palestiniana no Cairo anunciou que a abertura da passagem de Rafah estaria prevista para segunda-feira. A Organização Mundial de Saúde chegou a confirmar essa informação ao jornal israelita Haaretz. No entanto, as declarações do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, vieram contrariar essas previsões.
“O ponto de passagem permanecerá encerrado até nova ordem”, afirmou o chefe do Governo israelita, através do seu gabinete. Netanyahu acrescentou que qualquer reabertura será avaliada “com base no cumprimento do acordo de cessar-fogo por parte do Hamas”, exigindo a devolução dos reféns e a implementação do que classificou como “a estrutura acordada”.
Israel tem pressionado o movimento islamita Hamas para acelerar a entrega dos corpos dos reféns israelitas ainda em sua posse, o que considera essencial para o avanço de qualquer medida humanitária ou diplomática.
A situação humanitária em Gaza continua a deteriorar-se rapidamente, com organizações internacionais a alertar para uma catástrofe iminente caso a ajuda não volte a entrar no território. O recuo dos camiões representa um novo revés para os civis palestinianos, que enfrentam escassez extrema de alimentos, medicamentos e bens essenciais.
