A Câmara Municipal de Almeida promove, no próximo fim-de-semana, a recriação histórica do Cerco de Almeida. O evento, que decorre na vila fortificada, evoca os combates de 1810 entre as tropas luso-britânicas e o exército de Napoleão Bonaparte.
Centenas de participantes, portugueses e estrangeiros, irão recriar com exactidão os episódios mais marcantes do cerco ocorrido durante a Terceira Invasão Francesa. A organização, em contacto com a agência Lusa, confirmou a presença de grupos de reconstituição de Espanha, França e Reino Unido. O principal objectivo da iniciativa é a preservação da memória colectiva e a valorização do património histórico-militar daquela que é uma das mais emblemáticas praças-fortes do país. O rigor histórico é uma das prioridades, desde o vestuário às tácticas militares empregues.
O evento transporta os visitantes para o século XIX, com um programa que se estende por três dias e que promete grande fidelidade aos factos. A vida quotidiana da época será retratada através de um mercado oitocentista, onde artesãos e mercadores exibirão os seus produtos e ofícios. Os acampamentos militares, abertos ao público, permitirão observar o dia-a-dia dos soldados, desde a preparação do armamento à confecção das suas refeições.
Programa evoca momentos-chave do confronto
O ponto alto das comemorações está agendado para a noite de sábado, dia 30 de Agosto, com a recriação da explosão do paiol do castelo. Este momento dramático, que na
realidade ditou a rendição das forças defensoras, será simulado com um espectáculo de pirotecnia e efeitos sonoros. De acordo com fontes da autarquia, este episódio é «o mais aguardado pelos espectadores» e envolve uma complexa operação de segurança e coordenação. O programa inclui ainda desfiles militares pelas ruas da vila e escaramuças entre as tropas.
As ruas de Almeida encher-se-ão de uniformes, armas de pederneira e o som de ordens em português e francês, proporcionando uma imersão total na atmosfera da época. A iniciativa pedagógica é também uma vertente importante, com visitas guiadas e explicações sobre o contexto das Guerras Peninsulares. As escolas da região foram convidadas a participar em actividades específicas durante o dia de sexta-feira, visando a sensibilização dos mais jovens para a história local.
Fontes do sector turístico, confirmadas por dados da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, indicam que a taxa de ocupação hoteleira na região para estas datas se encontra perto da sua capacidade máxima. A restauração e o comércio local aguardam com expectativa um aumento significativo da facturação, consolidando o evento como um dos principais motores económicos da temporada.
Impacto económico e cultural na região
O presidente da Câmara Municipal de Almeida, em declarações a uma rádio local, sublinhou a importância do evento. «Esta recriação não é apenas uma homenagem aos nossos antepassados. É uma acção estratégica que gera riqueza e promove a nossa cultura e o nosso património único no mundo», afirmou o autarca. A projecção mediática do Cerco de Almeida tem contribuído, ano após ano, para o aumento do número de turistas que visitam a fortaleza abaluartada fora da época do evento.
A autarquia estima que mais de dez mil pessoas visitem a vila durante o fim-de-semana, um número que tem vindo a crescer em edições anteriores. O investimento municipal na organização ronda os cinquenta mil euros, um valor considerado «amplamente compensado pelo retorno directo e indirecto na economia local», segundo um documento do gabinete de imprensa do município. O Cerco de Almeida é já uma referência no circuito europeu de recriações históricas, atraindo entusiastas e especialistas de vários países.
