Quarenta e dois por cento dos alunos do ensino secundário não atingem positiva no exame nacional de Matemática A na primeira fase de 2025, revela hoje o Ministério da Educação, face aos 32 por cento registados em 2024, abrangendo escolas por todo o país.
A taxa de chumbo elevado na disciplina de Matemática A representa uma escalada preocupante: entre os 25 exames nacionais do ensino secundário, quinze registam médias inferiores às de 2024, com Matemática A a liderar o declínio nos últimos sete anos, com uma média de apenas 10,5 valores — abaixo da fasquia de aprovação de dez valores.
De acordo com números oficiais do Ministério da Educação e confirmados pela agência Lusa, 42 por cento dos candidatos não conseguiram uma nota positiva em Matemática A nesta primeira fase, comparativamente a 32 por cento em 2024.
Português destaca-se, mas docente corrige percepção
Em contraciclo, a disciplina de Português atingiu a melhor média em muitos anos, com um desempenho global acima do que se observou recentemente. Contudo, uma professora correctora alerta para uma discrepância entre o resultado formal e o domínio real dos conteúdos pelos alunos, considerando que o modelo de classificação pode criar “uma ilusão” quanto à qualidade do conhecimento.
Segundo esta docente, apesar das médias apontarem para um desempenho melhorado, muitos alunos revelam fragilidades estruturais: «os alunos estão pior», sublinha, ao criticar um modelo que «ilude» ao mascarar falhas fundamentais de aprendizagem.
Cenário geral dos exames nacionais
Além da queda generalizada em 15 disciplinas do ensino secundário, algumas com diminuições marginais, o conjunto de exames apresentou tendências negativas. No entanto, as provas de línguas estrangeiras — Inglês, Espanhol, Francês, Alemão, Italiano e Mandarim — mantiveram médias satisfatórias, com destaque para Inglês, que incluiu componentes orais, com avaliação de cerca de 16 871 provas.
Em termos pontuais, os exames com mais de 2 500 inscritos revelaram que Inglês (código 550) registou 141 pontos, Desenho A 136 e Espanhol 131, enquanto Português e História da Cultura e das Artes atingiram 126 pontos, numa escala até 200.
Causas apontadas e reações
A Associação de Professores de Matemática (APM) defende que o exame seguiu o padrão habitual e que os itens testados eram compatíveis com os programas curriculares e a complexidade esperada. A APM refere que um aluno empenhado durante os três anos de secundário deveria conseguir alcançar uma avaliação positiva.
Já sectores ligados à Educação questionam a preparação dos alunos, a coesão dos métodos de ensino e o acompanhamento pedagógico durante o ano lectivo.
O panorama dos exames nacionais de 2025 revela um forte alerta na Matemática A, com taxas de chumbo em crescimento, ao passo que Português atinge melhores resultados, ainda que questionados na sua interpretação. O Ministério da Educação prepara resposta estruturada, incluindo apoios pedagógicos, formações para professores e revisão do modelo de classificação, cujos pormenores serão divulgados nas próximas semanas.
Estes desenvolvimentos serão acompanhados com atenção, pois poderão definir novos rumos ao ensino secundário e ao rigor na avaliação curricular em Portugal.
