Crónica de Opinião
Por Fernando Jesus Pires
A eleição de António Luís Beites para a presidência da Câmara Municipal de Belmonte, ao abrigo do movimento independente Nós, Cidadãos, foi mais do que uma vitória política. Foi um momento de afirmação ética e de reconhecimento público por parte de um eleitorado que soube distinguir entre a competência e o oportunismo.
António Beites, ex-presidente da Câmara de Penamacor pelo PS, não chegou a Belmonte por acaso, nem por interesse pessoal. Veio com trabalho feito e contas certas. Herdou em Penamacor uma autarquia endividada em mais de dez milhões de euros e, ao terminar o seu mandato, deixou não só investimentos visíveis por todo o concelho como também um saldo positivo impressionante: quinze milhões de euros nos cofres da câmara. Números que falam por si e dispensam discursos.
Do outro lado do tabuleiro estava Vítor Pereira, ex-autarca da Covilhã, cuja gestão foi, no mínimo, contestada. Ainda assim, e numa atitude difícil de classificar como leal, avançou para Belmonte sob a sigla do Partido Socialista, aproveitando o facto de liderar a distrital do PS. Ignorou o apoio local consolidado em torno de Beites, ignorou a confiança construída ao longo dos anos e, acima de tudo, ignorou o eleitorado.
O resultado foi claro. O povo de Belmonte não se deixou iludir por estratégias partidárias nem por manobras internas. Escolheu quem já tinha provas dadas, quem apresentou uma equipa dedicada e quem mostrou um plano concreto para o futuro. Beites venceu com legitimidade, mérito e uma enorme demonstração de maturidade política.
Importa referir que a autarquia de Belmonte, sob governação socialista, deixa agora uma dívida de sete milhões de euros. O desafio é grande. Mas ao contrário de outros, António Beites não promete soluções vagas — ele já as implementou antes e mostrou ser capaz de transformar dificuldades em resultados positivos.
Esta eleição traz uma lição importante: a política local deve servir as populações, e não os interesses partidários ou os jogos de bastidores. António Beites representa essa visão de serviço público, centrada nas pessoas e não nas estruturas de poder.
O tempo dos “caciques” partidários, que se julgam donos dos territórios por força de cargos internos, está a chegar ao fim. A democracia local agradece — e os cidadãos também.