Conhecida pela canção icónica “Killing Me Softly With His Song”, Roberta Flack faleceu em sua casa, cercada por sua família, no dia 24 de fevereiro de 2025. A notícia foi confirmada por seu representante por meio de um comunicado oficial, que destacou a importância de sua contribuição para a música e para a educação. “Estamos tristes pelo falecimento da gloriosa Roberta Flack na manhã de 24 de fevereiro de 2025”, dizia a nota. “Ela morreu pacificamente cercada por sua família. Roberta quebrou limites e recordes. Ela também era uma educadora orgulhosa.”
Nascida em 10 de fevereiro de 1937, na cidade de Black Mountain, Carolina do Norte, Roberta Flack cresceu em uma família musical. Desde cedo, mostrou talento excepcional para o piano, e aos 15 anos, conseguiu uma bolsa de estudos para a Universidade Howard, uma instituição historicamente negra em Washington, D.C. Lá, estudou música clássica, mas sua paixão pela soul music e pelo jazz a levou a explorar outros gêneros, pavimentando o caminho para sua carreira singular.
O grande reconhecimento veio nos anos 70, quando Flack conquistou o mundo com sua voz suave e interpretação profunda. Seu primeiro sucesso mundial aconteceu quando Clint Eastwood escolheu sua versão de “The First Time Ever I Saw Your Face” para a trilha sonora de sua estreia como diretor no filme “Perversa Paixão” (1971). A canção rapidamente alcançou o topo das paradas e garantiu a Roberta seu primeiro Grammy.
Logo em seguida, em 1973, Flack gravou “Killing Me Softly with His Song”, escrita por Charles Fox e Norman Gimbel. A música tornou-se um fenômeno cultural, solidificando sua posição como uma das maiores artistas da época. Roberta Flack foi a primeira artista a ganhar o prêmio de Gravação do Ano duas vezes consecutivas: em 1973, com “The First Time Ever I Saw Your Face”, e em 1974, com “Killing Me Softly”. Esses sucessos a tornaram uma das vozes mais influentes de sua geração.
Ao longo de sua carreira, Roberta Flack lançou vinte álbuns de estúdio, explorando soul, jazz, R&B e pop, sempre com uma abordagem sofisticada e emocional. Seu dueto com Donny Hathaway em músicas como “Where Is the Love” e “The Closer I Get to You” é lembrado como um dos momentos mais brilhantes da soul music, marcado pela química musical impecável entre os dois artistas.
Em 2022, Flack revelou que havia sido diagnosticada com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença neurodegenerativa que afetou sua capacidade de cantar. Apesar das dificuldades, ela permaneceu ativa em causas sociais e educacionais, promovendo a música como ferramenta de transformação. Roberta dedicou parte de sua vida à educação musical, fundando programas para crianças carentes e defendendo a importância do acesso à arte nas escolas.
Roberta Flack recebeu diversos prémios ao longo de sua vida, incluindo quatro Grammys e uma homenagem pelo conjunto de sua obra em 2020. Suas canções foram reinterpretadas por artistas de diferentes gerações, e sua influência atravessou décadas. O impacto de sua música foi tão poderoso que “Killing Me Softly” ganhou uma nova vida nos anos 90, com a versão dos Fugees, apresentada por Lauryn Hill — uma prova do alcance e da atemporalidade de sua arte.
A perda de seu único filho, o músico Bernard Wright, em 2022, foi um duro golpe para Roberta, mas ela continuou encontrando força na música e na conexão com seus fãs. Sua voz, carregada de emoção e sensibilidade, seguirá viva em cada nota de suas canções, inspirando gerações futuras e lembrando ao mundo a beleza e a profundidade da soul music.
Roberta Flack deixa um legado imensurável, sendo uma artista que transcendeu barreiras, emocionou multidões e lutou para que a música fosse uma ponte para a igualdade e a empatia. Sua partida encerra um capítulo brilhante da história da música, mas suas melodias e mensagens continuarão a ecoar eternamente.